A História Das Heresias.

 

 

Heresia (do latim haerĕsis, por sua vez do grego αἵρεσις, "escolha" ou "opção") é a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros. A quem funda uma heresia dá-se o nome de heresiarca.

Sob determinado ponto de vista, para acompanhar uma formulação de Georges Duby, “todo o herético tornou-se tal por decisão das autoridades ortodoxas. Ele é antes de tudo um herético aos olhos dos outros”.  Desta maneira, ninguém é herético em si mesmo, e qualquer fundador ou participante de algum comportamento ou prática que tenha vindo a ser considerado historicamente como uma heresia nada mais é do que alguém que, do seu próprio ponto de vista, julgava estar ele mesmo percorrendo o caminho correto. O herege não é designado "herege" senão porque alguém, investido de poder eclesiástico e institucional classificou a sua prática ou as suas ideias como destoantes e contrárias a uma ortodoxia oficial que se auto-postula como o caminho correto.  Evidentemente, tal não é o pregado pela ortodoxia doutrinária. No caso do cristianismo, especificamente, enquanto doutrina cuja acepção tradicional baseia-se num arcabouço filosófico objetivista e absolutista (em oposição a subjetivista e relativista), a heresia é em si um desvio da verdade universal, de modo que mesmo se todos os seres humanos acreditarem num erro, ele não passará, por isso, a ser verdade.  Para retomarmos a história do conceito, o termo heresia foi utilizado primeiramente pelos cristãos, para designar ideias contrárias a outras aceitas, sendo aquelas consideradas como "falsas doutrinas". Foi utilizado tanto pela Igreja Católica como pelas Igrejas Protestantes, ambas argumentando que heresia é uma doutrina contrária à Verdade que teria sido revelada por Jesus Cristo, ou seja, que é uma "deturpação, distorção ou má-interpretação" da Bíblia, dos profetas e de Jesus Cristo (bem como do magistério da Igreja no colégio apostólico, no caso da Igreja Católica e dos primeiros cristãos). A própria Bíblia fala sobre a "aparição de heresias", "idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,", Gálatas 05:20.  Por exemplo, segundo o ponto de vista de determinadas correntes cristãs, os cátaros da França pareciam reconhecer dois deuses (um do Bem, que seria Jesus Cristo, e outro do Mal). A perspectiva maniqueísta dos cátaros levou as correntes afiliadas ao tronco ortodoxo do catolicismo a argumentar que na Bíblia existe só um Deus, de modo que este culto foi considerado uma heresia, gerando uma implacável perseguição por parte das autoridades religiosas e seculares que culminou com a chamada Cruzada Albigense. Embora o termo "heresia" seja utilizado até à atualidade, terminou por ser historicamente associado à Idade Média, bem como às ações da Inquisição e perpetrados pelo que se convencionou chamar caça às bruxas.   Atualmente, pensadores ligados à autoridade eclesiástica admitem que a prática inquisitorial estava errada ao punir com violência e morte de indivíduos hereges a heresia, ferindo o direito de escolha religiosa que nos dias de hoje é considerado como direito inalienável do ser humano.

 

Heresia no cristianismo

 

 

Desde Jesus Cristo, Joao 17:21, passando por todos os apóstolos, especialmente São Paulo, existiu um esforço para manter unidade no cristianismo. A primeira forma de demonstração desse impulso foi a manutenção da unidade em torno de Pedro.

 Se há um só Deus, que se revelou em Jesus Cristo, que fundou Sua única Igreja, Mateus 16:18, e se Jesus Cristo mesmo diz que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, argumenta-se que não poderiam existir outras verdades verdadeiras.   Tal asserção, contudo, foi contestada ao longo da história.   Pois se o cristianismo conheceu o impulso e desejo de unificação e centralização ao longo dos séculos, que praticamente se confunde com a história das sociedades ocidentais, a religião cristã também conheceu numerosos desdobramentos, cisões, rejeições da autoridade única, e desde cedo proliferaram as mais diversas formas de religiosidade relacionadas com o cristianismo. As Heresias, de fato, constituem formas de religiosidade cristã ou concepções do cristianismo destoantes daquela perpetuada pelo grupo sucessor dos apóstolos e/ou dos mártires e primeiros cristãos em geral, cujas acepções eram afins com o grupo que despontava desde o século primeiro como "oficial", no qual se incluíam, no século primeiro, o próprio apóstolo João em idade avançada, bem como Clemente Romano, e, nos seguintes, Orígenes, Inácio de AntioquiaPápias de Hierápolis, Policarpo de Esmirna, Irineu de Lyon, Antão, entre outros vários.   Esse grupo rejeitou firmemente qualquer desvio da doutrina que proclamavam, não sem gerar estigmatização e perseguição aos grupos hereges. A designação de determinada prática religiosa como heresia é construída, evidentemente, a partir de um ponto de vista que se propõe ortodoxo.No início era pouco evidente uma Igreja organizada como hoje, e desde o século primeiro, entre os que aderiam ao cristianismo, sempre existiram controvérsias doutrinárias e disciplinares, a respeito das quais se manifestavam com autoridade o grupo dos apóstolos, com especial destaque para Pedro, como se vê em Atos 15:01,05.    Havia grupos em Roma, no Oriente e norte da África, que sob influência helenística, zoroastrista e de convicções pessoais, que queriam adaptar a doutrina de Jesus às suas ideias. Tais foram os grupos dissidentes ou heréticos fundados por Donato Magno, o gnosticismo de Marcião (o "Primogênito de Satanás" segundo Jerônimo), Montano, Nestório, Paulo de Samósata e Valentim entre outros.  Os escritos de Tertuliano contra os heréticos e o "Contra Heresias" de Ireneu de Lyon foram respostas às heresias.  O Primeiro Concílio de Niceia foi convocado pelo imperador Constantino I devido a disputas em torno da natureza de Jesus "não criado, consubstancial ao Pai". Na Santíssima Trindade, as três pessoas têm a mesma natureza, ou seja, a divina.   A partir de 325, algumas verdades do cristianismo foram estabelecidas como dogma através de cânones promulgados pelo primeiro concílio de Niceia, dentre outros. O Credo Niceno esclarecia os erros do arianos que negava a divindade de Jesus.   Foi usado por Cirilo para expulsar Nestório.

O sacerdote espanhol Prisciliano foi o primeiro a ser executado por heresia, 60 anos após o concílio de Niceia, em 385, sob o protesto de Martinho, Bispo de Tours, que não aceitava o “crime novo de submeter uma causa eclesiástica a um juiz secular”.

Uma das linhas que foi condenada como heresia eram as que divergiam da afirmação de que Cristo era totalmente divino e totalmente humano, e que as três pessoas da Trindade são iguais e eternas.   À semelhança do que ocorreu em diversos outros momentos da história, este dogma (Um só Deus em Três Pessoas = Três pessoas e uma só natureza divina assim como existem bilhões de pessoas e uma só natureza humana) foi proclamado como tal em definitivo somente depois que Ário o desafiou, embora muito antes disso ele fosse ensinado pela ortodoxia.

 

Heresia na Igreja Católica

 

 

Historicamente, houve muitos que discordaram dos dogmas da Igreja. Eram considerados hereges quando se tornavam uma ameaça à unidade em torno da autoridade papal e porque propalavam ideias ou práticas contrárias à interpretação da Igreja Católica sobre a Verdade ensinada por Jesus Cristo e contidas nos Escritos  Sagrados.    A condenação máxima imposta pela Igreja é a pena de excomunhão. É preciso esclarecer que a pena de excomunhão era aplicada e se uma pessoa ficasse mais de um ano excomungada era considerada herege e processada pela Igreja como tal.   Geralmente este processo culminava com a sentença da entrega do herege ao braço secular. Corroboram esse raciocínio, não apenas relatos históricos, como também o teor dos sermões realizados pelos padres que se referiam aos crimes dos hereges, bem como a presença de autoridades eclesiásticas aos autos-de-fé. Há farta documentação histórica sobre os autos de fé e seus critérios, merecendo destaque a obra "Manual dos Inquisidores" de Nicolau Eymerich e posteriormente modificado, mais ou menos 200 anos após, por Francisco de La Pena.

 É importante notar que a ação secular foi maior no período da Idade Média, sobretudo após a instalação do Santo Ofício, ou seja, a Inquisição. Antes, porém, como é o ensinamento do Evangelho e, portanto, da própria Igreja, a execução de hereges pelo braço secular não era aprovada, como no caso da morte de Prisciliano que provocou protestos do Papa Sirício. Santo Ambrósio e São Martinho de Tours também pronunciavam-se  contra a intervenção secular, considerando um crime fazê-lo. Foi a partir de certas considerações conexas como a de Santo Agostinho de que a heresia constituía um atentado fundamental contra a sociedade cristã e que esta deveria defender-se com moderação, e, sendo assim, aceitava a pena de morte em caso de perigo social evidente, que a ideia da pena pelas forças do Estado tiveram  mais força.   Esclareça-se que no caso de um processo por heresia, tanto os bens dos hereges, no caso Prisciliano e outros, bem como de todas as congregações a ele relacionadas sofreriam confiscos pelo estado, algo que não interessava nem o papa e o imperador.  Como solução, para evitar que fosse enquadrado no crime de heresia, no âmbito da ICAR mudou-se o processo e foram processados por maleficium, o que é bruxaria!   Prisciliano confessou a culpa sob tortura, nos moldes da abominável e futura inquisição, o que revela que tais práticas não se iniciaram somente no século XII, como vem sendo explicado permitindo concluir que alguém tenha faltado com a verdade.  Finalmente foi decapitado junto aos seus seguidores Felicíssimo, Armênio, Eucrócia,  Latroniano,  Aurélio e Asarino.  Estes se tornam assim, os primeiros hereges justiçados pela Igreja Católica Apostólica Romana através da instituição civil (secular), o que no futuro seria o procedimento de relaxar o herege ao braço secular para ser executado.   Há grande probabilidade de que o papa tenha protestado, não porque julgasse a condenação de Prisciliano injusta, mas sim porque se corresse o processo por heresia os bens lhe escapariam às mãos.

 

Heresia

Por Pastor Antonio Junir

 

 

“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”, Colossenses 02:08.  Para a maioria das pessoas os termos: seita, heresia, apologética etc, é de difícil elucidação e trazem, na maioria das vezes, confusões e discrepâncias. Talvez por falta de informação e formação teológica, muitos líderes estão ministrando heresias destruidoras no seio da igreja cristã. Isso é deveras preocupante. Termos como: conversão, arrependimento, regeneração, justificação, propiciação, dentre outros, estão sendo substituídos por: decretar, maldição, reivindicar, apossar-se, tomar posse da bênção etc.   Urge a necessidade de, mais do que nunca, o líder estar de acordo com 1Timóteo 03:02 que diz: “é necessário, pois, que o bispo seja… apto para ensinar”.  Mas a aptidão ao ensino só vem com esmero estudo das Escrituras Sagradas, o que muitos não querem. Preferem copiar a moda vigente. A “Teologia do Momento” é muito mais atraente e fácil. Traz satisfação ao ego, massageia a nossa alma narcisista. O evangelho do aplauso é mais vistoso do que o evangelho da cruz. Dá mais status.   Amados, devemos lembrar-nos do que diz o apóstolo Paulo: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu , porém, sê sóbrio em tudo , sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”, 2 Timóteo 04:03,05.

Enquanto muitos estão embriagando-se com os sistemas hodiernos de uma eclesiologia doente, somos advertidos para sermos sóbrios no meio dos bêbados-hereges. Paulo diz-nos que para cumprirmos o nosso ministério não é preciso tomar um porre de pseudodoutrinas. Basta sermos fieis aquele que nos chamou.  Mas, afinal, o que significa as palavras seita e heresia? Ambas derivam da palavra grega “ háiresis” , que significa escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc.

A palavra heresia é adaptação de “háiresis” . Quando passada para o latim, “háiresis” virou “secta” . Foi do latim que veio a palavra seita. Originalmente, a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de seita,  Atos 24:05, não foi em sentido depreciativo.  Os líderes judaicos viam os cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do judaísmo. Com o tempo, “háiresis” também assumiu conotação negativa, como em 1 Corintios 11:19 - Galatas 05:20 – 1 Pedro 01:01,02.

Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se a um grupo de pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo. Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita.

 

Vejamos ainda algumas definições de apologistas famosos:

 

“um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas”. Dr. Walter Martin.

 

“é uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”. Josh McDoweell e Don Stewart.

 

“Qualquer religião tida por heterodoxa ou mesmo espúria”. J. K. Van Baalen. A palavra doutrina vem do latim “doctrina”, que significa ensino. Referindo-se a qualquer tipo de ensino ou a algum ensino específico. Algumas pessoas confundem doutrina com a questão de usos e costumes. Alguns falam: “a minha igreja tem doutrina”.  Quando, possivelmente, lá existam na realidade muitas heresias.  O verdadeiro ensino bíblico e teológico é que constitui a verdadeira doutrina.  Apologia significa defesa. Algumas pessoas fazem apologia às drogas, ao crime etc, mas dentro da heresiologia, apologia significa fazer uma defesa da fé cristã ortodoxa. Defender a igreja contra ensinos de demônios e de homens cujo deus é o ventre. É defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. Judas 03. O trabalho do apologista é difícil e, muitas vezes, incompreendido até mesmo dentro de sua denominação.  Quando o apóstolo Pedro nos pede para “…estar sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” , 1 Pedro 03:15, a palavra “responder”, é apologia. Ou seja, Pedro nos diz que devemos estar preparados para fazer uma defesa segura de nossa fé. Como alguém que está sendo acusado em um júri.  Será que todos nós, líderes, ovelhas e pastores, temos esta condição de sermos apologistas da fé cristã?

Ou estamos descendo de ladeira abaixo rumo às falácias de homens incautos e arrogantes, que “não sabem o que dizem sem as coisas sobre as quais fazem ousadas asseverações?” Pois são pessoas que “resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”, 2 Timóteo 03:08 b.   Portanto, as heresias podem ser encontradas em vários lugares.

Muitos se enganam por pensarem que heresias existem apenas nas seitas conhecidas. Existem heresias destruidoras nas mais diversas igrejas, inclusive nas que se proclamam cristãs ou evangélicas.  Que Deus nos dê a Sua graça, e nos ajude. Parafraseando Lutero: que a nossa mente esteja cativa à Palavra de Deus.

 

Heresias Históricas

 

 

 

Estava prestes a acontecer

Ao longo da História Cristã, homens sinceros têm frequentemente se encontrado no lado errado da verdade. Sabemos que em um mundo onde a verdade objetiva DE FATO existe, cada um de nós temos a obrigação de fazer o melhor possível para encontrar esta verdade e compartilhá-la com os outros, especialmente se a verdade que cremos é verdadeiramente uma cura para aquilo que aflige o mundo. Esta é a natureza da Afirmação Cristã; como Cristãos asseguramos não somente aquilo que cremos ser verdade sobre a natureza de Deus, mas também o que cremos ser verdade sobre a natureza daquilo que nos salva da morte. Se o que cremos ser verdade for de REALMENTE verdade, devemos compartilhá-lo com o mundo que está morrendo.  Muitos crentes sinceros têm sido menos que cuidadosos sobre as afirmações Cristãs sobre a verdade que são descritas na Bíblia.  Crentes sinceros têm sido sinceramente errados ao passo que estes têm deturpado as escrituras por uma ou outra razão. HERESIA é simplesmente a deturpação da Bíblia que leva à um FALSO entendimento sobre o que está sendo ensinado pelas Escrituras. Pedro escreveu e nos disse que aqueles que têm sido CUIDADOSOS em sua interpretação da Bíblia têm chagado à uma correta e verdadeira interpretação das Escrituras: 1 Pedro 1:10,11.    Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.

 

Leva mais do que a sinceridade para ser correto; leva estudo CUIDADOSO. A história nos têm mostrado que crentes sinceros estão frequentemente errados. Mas mais do que isto, havia muitas ocasiões na história quando homens havia deixado os seus próprios desejos guiá-los à alterar a verdade para satisfazer a natureza da base destes. Em essência, muitos têm simplesmente mentido para servir a si mesmos. Paulo, na verdade, nos advertiu que isto aconteceria.

Veja o que Paulo escreveu para Timóteo:  2 Timóteo 04:03,04.    Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.

 

Então, vamos ver algumas das formas históricas que os homens têm alterado ou mal-entendido as Afirmações Cristãs sobre a Verdade em relação à natureza de Deus o Pai, Jesus o Seu Filho, a Família de Deus, e a Natureza do Homem. Lembre-se de que estas distorções são o resultado de esforços sinceros que foram menos que do cuidadosos ou esforços insinceros que refletem os desejos dos homens que “voltaram às fábulas”.

 

 

Heresias Relacionadas à Natureza de Deus

 

 

Ao longo dos séculos, os crentes têm lutado para entender a natureza triuna de Deus. A pesar de tudo, Deus é consistentemente descrito como sendo “UM” em natureza, contudo, Deus o Pai, Jesus e o Espírito Santo são todos descritos como tendo a mesma natureza e são atribuídos as mesmas características. Aqui estão algumas das deturpações de como as três pessoas da Trindade existe em um Ser Divino, ou sobre como o Deus do Velho Testamento pode ser reconciliado com o Deus descrito no Novo Testamento.

 

Marcionismo (2º Século)

Essa heresia rejeitou todo o Velho Testamento e ensinou que o Cristianismo era algo que foi completamente distinto do Judaísmo. Os marcionitas não tinham nenhum amor para o Deus do Velho Testamento e eles seguiram a sugestão de seu líder ao rejeitar todos os Evangelhos, menos o Evangelho de Lucas, e até mesmo este Evangelho havia sido redigido para omitir qualquer conexão ao Judaísmo. Os marcionistas acreditavam que o Deus do Velho Testamento era um Deus de Ira e julgamento que não podia ser reconciliado com o Deus de misericórdia descrita no Novo Testamento.

Líder(es) nesta heresia:  Marcião de Sinope em Roma (110 – 160AD)

Corretor(es) desta heresia: Tertuliano escreveu um tratado de cinco livros contra a heresia chamada “Adversus Marcionem”.

 

Monarquianismo (2º e 3º Século)

Essa heresia é derivada das palavras gregas “mono” (“um”) e “arche” (“regra”). Esta heresia ensinava que havia somente um Deus e Ele existe como uma pessoa, o Pai. O monarquianismo ensina que ou o Pai é Deus e que o Filho (Jesus) é somente um homem (Monarquianismo Dinâmico), ou que o Pai, o Filho, e o Espírito Santo nunca estão presentes ao mesmo tempo. Ao invés, eles são simplesmente diferentes ‘modos’ do mesmo Deus (Monarquianismo Modal).

Líder(es) desta heresia:  Theodotians (190 AD) e Paulo de Samosata, Bispo da Antióquia na Síria (260 AD) ensinavam o Monarquianismo Dinâmicom e Praxeas (200 AD), um sacerdote romano da Ásia Menor, ensinava Monarquianismo Modal.

Corretor(es) da heresia: Tertuliano escreveu contra esta heresia em seu folheto “Adversus Praxean” (213 AD)

 

Sabelianismo (3º Século)

Essa heresia, uma forma do Monarquianismo modalístico, ensinou que Deus o Pai, Jesus o Filho e o Espírito Santo são diferentes modos [ou modalidades] de um só Deus (em relacionamento com o homem), ao invés de três pessoas distintas (na realidade objetiva). Não acreditava-se que Jesus Cristo e Deus o Pai eram pessoas distintas, mas sim dois aspectos ou ofícios de uma só pessoa.

Líder(es) desta heresia: Sabellius, um sacerdote romano e teólogo (215 AD?)

Corretor(es) desta heresia:  Tertuliano e Demetrius (Patriarca da Alexandria) escreveu contra a heresia.

 

Maniqueísmo (3º Século)

Essa heresia é uma fusão de vários sistemas religiosos do mundo, incluindo o Cristianismo Gnóstico, Budismo e Zoroastrismo.

É uma forma de dualismo religioso em que propõe que há dois princípios eternos, o bem e o mal, e estes são iguais em poder.

Era parecido com o Gnosticismo em que esta afirmava que o gnosis poderia ser descoberto intelectualmente ou como era revelado por mensageiros como Buda, Jesus e Mani (o criador desta heresia). Jesus não é Deus, ele é somente outra fonte de gnosis. Mani declarou ser um discípulo e apostolo de Jesus e disse que ele era o “Paraclete” (o ‘consolador’ ou ‘ajudador’) que Jesus tinha prometido.

Líder(es) desta heresia: Mani, da Babilônia (210-276 AD)

Corretor(es) desta heresia: Imperador romano Teodósio I declarou que isto era herético e Agostinho de Hippo (que certa vez era um maniqieísta) escreveu contra isto.

 

Socinianismo (Século 16 e 17)

Esta heresia rejeitava a natureza triuna de Deus. Esta afirmava que Deus era um e que o Espírito Santo era simplesmente o poder de Deus. Rejeitava a pré-existência de Jesus, a Sua encarnação e deidade (esta heresia ensinava que Jesus era somente um homem que era deificado e, portanto, merecia adoração por ser um deus menor). De acordo com esta heresia, Jesus não nos salvou na cruz, mas [a Sua morte] simplesmente serviu como um exemplo de auto-sacrifício para todos nós.

Líder(es) desta heresia: Laelius Socinus (morreu 1562 AD) e Faustus Socinus (morreu 1604 AD).

Corretor(es) desta heresia: Outra forma de Psilantropismo (ensinamento que prega que Jesus foi meramente um homem); heresias como o socinianismo foram condenadas no Primeiro Conselho de Nicéia em 325 AD.

 

 

Heresias relacionadas à natureza de Jesus

 

 

Os crentes também têm lutado para entender a natureza de Jesus. A Bíblia descreve-O como tendo todo o poder de Deus, e o Evangelho de João nos diz que Ele existia antes que o universo começou (Ele é, de fato, o CRIADOR do universo). Ao mesmo tempo, vemos na Bíblia que Jesus era completamente humano e morreu na cruz. Aqui estão algumas más interpretações clássicas e históricas sobre a natureza de Jesus, o Deus-Homem, totalmente divino e totalmente humano:

 

Adocionismo (2º Século)

Esta heresia nega a pré-existência de Cristo e, portanto, nega a Sua divindade. Esta ensina que Jesus era simplesmente um homem que foi testado por Deus e depois que passou no teste. Ele recebeu poderes sobrenaturais e adotado como filho (isto aconteceu em Seu batismo). Jesus foi então recompensado por tudo o que Ele fez (e por Seu caráter perfeito) com a Sua própria ressurreição e adoção na Trindade.

Líder(es) desta heresia:Teodoro da Bizantina.

Corretor(es) desta heresia: Papa Victor (190-198 AD).

 

Docetismo (2º século)

Esta heresia é cunhado da palavra grega “dokesis”, que significa “parecer”. Esta ensinava que Jesus apenas parecia ter um corpo e não era encarnado. Os docetistas viam a matéria como inerentemente má, e, portanto, não queria acreditar que Deus poderia realmente aparecer em forma corpórea. Ao negar que Jesus realmente não tinha um corpo, eles também negaram que Ele sofreu na cruz e ressuscitou dos mortos.

Líder(es) desta heresia: Atribuído aos gnósticos e promovido pelo Evangelho de Pedro.

Corretor(es) desta heresia: Ignatius de Antíoca, Irenaeus, e Hippolytus refutaram-na. Esta heresia foi condenada no Conselho de Calcedon em 451 AD.

 

Apolinarianismo (4º século)

Esta heresia negava a humanidade verdadeira e completa de Jesus porque esta ensinava que Ele não tinha uma mente humana, mas, em vez disto, tinha uma mente que era completamente divina. A heresia diminuída a natureza humana de Jesus a fim de conciliar a maneira pela qual Jesus podia ser Deus e homem ao mesmo tempo.

Líder(es) desta heresia: Appollinaris, o Mais Novo (bispo da Laodicéia na Síria), 360 AD.

Corretor(es) desta heresia: O Conselho de Constantinopla em 381 AD.

 

Arianismo (4º século)

Esta heresia ensinava que Jesus era uma “criatura” que foi “gerada” do Pai. Só Deus o Pai é “não-gerado”. Nesta perspectiva, só o Pai é verdadeiramente Deus. Ele era muito puro e perfeito para aparecer aqui na terra, então Ele criou o Filho como Sua primeira criação. O filho, então, criou o universo. Deus, então, adoptou Jesus como filho (porque, afinal de contas, Jesus e Deus não são suposto ter a mesma natureza neste ponto de vista). Jesus é adorado apenas por causa de Sua proeminência como a primeira criação.

Líder(es) desta heresia: Arius de Alexandria, Egypt (250-336 AD)

Corretor(es) desta heresia: O Concelho de Niceia em 325 AD. O Credo de Niceia foi escrito para responder a esta heresia.

 

Nestorianismo (5º século)

Esta heresia ensinava que Maria somente deu à luz a natureza humana de Jesus. O fundador desta heresia, Nestório, nem queria que Maria fosse chamada de “Mãe de Deus”, mas ao invés, queria que ela fosse chamada de “Mãe de Cristo”. Em essência, a heresia sustentava que Jesus era, na verdade, duas pessoas distintas, e somente o Jesus humano estava no ventre de Maria. Se isto fosse verdade, então Jesus não era Deus encarnado quando estava no ventre.

Líder(es) desta heresia:  Nestório de Antioquia (Bispo de Constantinopla em 428 AD).

Corretor(es) desta heresia: O Conselho de Efésios em 431 AD.

 

Eutiquianismo [monofisitismo] (5º século)

Esta heresia ensinava que a humanidade de Jesus foi absorvida pela Sua divindade. Esta heresia é naturalmente Monofisita, derivado das palavras gregas “mono” (“um”) e “physis” (“natureza”). Em essência, esta heresia afirmava que Jesus tinha apenas UMA natureza e era algo novo e diferente do que a natureza divina ou humana que Deus e os seres humanos têm (respectivamente). Em vez disto, esta heresia ensinava que uma TERCEIRA natureza estava possuída por Jesus e esta natureza era algo nova e única; uma combinação ou mistura daquilo que é humano e divino.

Líder(es) desta heresia: Eutiques de Constantinopla (380 – 456 AD).

Corretor(es) desta heresia: O Quarto Concelho Ecumênico na Calcedônia em 451 AD. O Credo de Calcedônia aborda esta heresia.

 

Monotelitismo (7º século)

Esta heresia, na verdade, surgiu em resposta à heresia monofisita (veja acima), mas também ensinou algo que é negado pela Escritura.  O nome é derivado de uma raiz grega que significa “uma vontade”, e o Monotelismo ensinava que Jesus tinha duas naturezas, mas apenas uma vontade. Em vez de ter duas vontades cooperativas (uma divina e uma humana), Jesus tinha uma “energia” divino-humana.

Líder desta heresia: Patriarca Sergius I de Constantinopla (610 – 638 AD).

Corretor(es) desta heresia: O Terceiro Conselho de Constantinopla; o Sexto Conselho Ecumênico (680 – 681 AD).

 

 

Heresias relacionadas à natureza da Salvação

 

 

Interpretações erradas sobre a natureza de como somos salvos são normalmente ligadas a interpretações erradas sobre a natureza de Jesus. Ele morreu por nós? Podemos salvar a nós mesmos? Aqui estão algumas interpretações erradas históricas.

 

Gnosticismo (1º e 2º século)

Esta antiga e difundida heresia derivada da palavra grega “gnosis” que significa “conhecimento”. Esta heresia parece pré-datar o Cristianismo e muitos não a consideram como uma heresia Cristã, mas ao invés, como um movimento distinto. Mas o gnosticismo eventualmente afirmou que Jesus era um professor especial e fez declarações sobre a fé cristã.  O movimento herético era muito diversificado, mas geralmente ensinava que a Salvação era obtida através de um conhecimento especial (geralmente acerca da relação entre um crente e o ser divino chamado Deus).   A heresia acredita que a matéria é má; então, qualquer coisa material também é visto como mal. O espírito puro é do mais alto valor, e os Gnósticos acreditavam que poderiam ser livrados de suas más formas matérias através do conhecimento especial revelado a eles por professores Gnósticos. Jesus desempenhou um papel importante no nesta questão porque ele foi o maior de todos os professores, que, como o redentor, foi enviado com conhecimento especial para aqueles que queriam escapar da prisão material. O Gnosticismo nega que Jesus é a encarnação de Deus, porque nada material pode santo ou divino nesta cosmovisão.

Líder(es) desta heresia: Vários líderes em várias regiões, incluindo Valentinus, que criou a sua própria escola de Gnosticismo na Alexandria e Roma.

Corretor(es) desta heresia: Irineu, Hipólito, Tertuliano e Orígenes escreveram contra esta heresia. Muitos acreditam que João, o Apóstolo, também escreveu sobre o Gnosticismo em 1 João.

 

Albigenses (século 13)

Esta heresia fundiu muitas ideias não-Cristãs e ensinava que havia dois deuses: um deus bom da luz (Jesus, como Ele é referido no Novo Testamento) e um deus do mal e das trevas (Satanás, como ele é referido no Velho Testamento). O espírito humano foi criado pelo deus bom, mas o corpo foi criado pelo deus mau, e foi, portanto, considerado mal.Todos os espíritos eram obrigados a se serem libertos de seus corpos maus. Por esta razão, ter filhos era um grande mal porque causaria ainda outra alma a ser presa em um corpo. O casamento foi proibido, e todos os tipos de negações corporais (como jejuns e pobreza) eram encorajados. A salvação dependia de boas obras; aqueles que não eram bons o suficiente, seriam reencarnados como animais inferiores.

Líder(es) desta heresia: William IX, duque de Aquitânia, protegia os crentes que se levantaram não região de Albi do sul da França.

Corretor(es) desta heresia: Papa Inocêncio III (fez com que eles fossem completamente destruídos até 1229 AD).

 

Heresias relacionadas à natureza do homem

 

 

Se a salvação NÃO requerir a obra de Deus através da morte de Jesus na cruz, uma suposição deve existir em relação à natureza da habilidade do homem de salvar a si mesmo. Na verdade, a maiorias das heresias listadas acima geralmente têm algum mal-entendido acerca da natureza do homem. Mas há uma heresia difundida relacionada aos humanos que continua a assolar a igreja.

 

Pelagianismo (5o século)

Esta heresia ensinava que a natureza humana do homem é basicamente boa, e que o homem não herdou o pecado original de Adão.  Esta heresia ensinava que seres humanos, na verdade, somente APRENDEM a serem maus dos maus exemplos de sua própria comunidade.  Em essência, esta heresia ensinava que todos nós somos neutros em nossa natureza e temos a capacidade de chegar à fé e alcançar o céu com os nossos próprios poderes e sem a Graça de Deus.  Esta cosmovisão negava que nós nos tornamos justos aos olhos de Deus através da obra de Jesus na cruz, mas ao invés, afirmava que a nossa própria habilidade de imitar a vida de Cristo era tudo o que era necessário.

Líder(es) desta heresia: Pelágio (354 – 440AD).

Corretor(es) desta heresia: Os Conselhos de Cartago (412, 416 e 418 AD), condenaram esta heresia, mas muitos outros conselhos também condenaram-na no decorrer da história.

 

Heresias relacionadas à natureza da Igreja

 

 

Além das más-interpretações acerca da natureza de Deus, de Jesus e da Salvação, houve muitas deturpações históricas sobre o que é que a família de Deus deveria ser ou deveria estar fazendo. Segue-se algumas destas.

 

Montanismo (2º século)

Esta heresia foi um movimento apocalíptico, prevendo que o fim do mundo era eminente e afirmando que os três líderes deste movimento (Montano, Priscila e Maximila) foram capazes de receber revelação diretamente do Espírito Santo. Na verdade, Montano afirmou ser o “Paráclito” (o “consolador” ou “ajudador”) que Jesus prometeu.  O movimento de Montano também focou na continuidade dos dons espirituais, tais como falar em línguas, expressões extáticas e profecia.

Líder(es) desta heresia: Montano e duas mulheres, Priscila e Maximila. Posteriormente, até mesmo Tertuliano converteu-se ao Montanismo.

Corretor(es) desta heresia: Jerônimo escreveu uma carta para uma mulher chamada Marcella denunciando os Montanistas e, Justiniano, deu ordens à João de Efésios para liderar uma expedição à Pepuza para destruir o santuário Montanista no 6º século.

 

Encratitismo (2º século)

Esta heresia é nomeada com base na raiz da palavra grega “enkrateia” que significa “continência”. Os encratitas foram ascetas que negavam à si mesmos o álcool, produtos de origem animal e sexo.  Tal negação era um requisito para a salvação, pois os encratitas interpretavam a história de Adão e Eva e passagens como 1 Coríntios 07:03,06 de certa forma para apoiar a ideia de que os seres humanos não devem envolver-se em relações sexuais  Eles ensinavam que as pessoas deveriam casar com Deus, e não entre si.

Líder(es) desta heresia: Tatian [ou Tatiano] (o líder Cristão Assírio, 120-173 AD).

Corretor(es) desta heresia: Hipólito escreveu contra este grupo herético e Teodósio pronunciou um édito condenando este grupo em 382 AD.

 

Donatismo (4º século)

Esta heresia apareceu após a feroz perseguição do Império Romano.   Esta glorificou aqueles que permaneceram firmes na fé e morreram como mártires e ensinou que somente indivíduos moralmente ‘dignos’ poderiam ocupar as funções da igreja e os rituais. Somente os Cristãos mais traídos eram vistos como verdadeiros crentes, e a ‘santidade’ de uma pessoa era o fator determinante para saber se estes poderiam ou não exercer um ofício. Consequentemente, se o batismo de um crente fosse realizado por alguém que tivesse um pecado sério no passado, o batismo era visto como inválido. Semelhantemente, se a Ceia do Senhor fosse realizada por alguém que tivesse este tipo de pecado no passado, também era visto como inválido.

Líder(es) desta heresia: Donatus, o Grande (Bispo de Casae Nigrae, [em Numídia que sudoeste de Cartago]).

Corretor(es) desta heresia: Agostinho de Hipona rejeitou este ensinamento e eventualmente influenciou os donatistas à abandonar a crença deles.

 

Iconoclasmo (7º e 8º século)

Esta heresia afirma que é pecaminoso fazer fotos ou estátuas de Jesus (ou de quaisquer outros crentes ou ‘santos’). Este nome deriva-se da palavra que literalmente significa “esmagadores de ícones” e inicialmente emergiu no leste onde a Igreja do Leste tinha que lidar com a influência do Islamismo e o desgosto dos muçulmanos de imagens.

Líder(es) desta heresia: Imperador Leão, o Isauriano e Constantino (Bispo de Nacolia).

Corretor(es) desta heresia: Papa Gregório II e Gregório III (que realizou um Sínodo na igreja de São Pedro em 731 AD).

 

 

Então, qual é a verdade?

 

 

Agora que nós já analisamos algumas das questões que foram mal interpretadas ao longos dos anos, você pode estar perguntando-se: “Então, qual é a verdade, e em que devemos basear esta verdade?”   Interessante que você perguntaria isto. Ao longo do curso da história, os crentes listaram a verdade que eles creem na forma de listas de crenças essenciais precisas. Este chamaram estas listas de CREDOS.   Como Cristãos, devemos levar a verdade de Deus à sério o suficiente para entender, da melhor forma de acordo com a nossa capacidade, o que a Bíblia ensina. Você pode ler os antigos credos Cristãos AQUI, AQUI e AQUI.

 

O que significa Heresia?

 

 

Heresia significa escolha, opção, e é um termo com origem no termo grego haíresis. Heresia é quando alguém tem um pensamento diferente de um sistema ou de uma religião, sendo assim quem pratica heresia, é considerado um herege.  Uma heresia é uma doutrina que se opõe frontalmente aos dogmas da Igreja. Fora do contexto da religião, uma heresia também pode ser um absurdo ou contrassenso.  A heresia acontece quando qualquer indivíduo ou um grupo resolve ir contra uma religião, em especial aquelas que são muito rígidas. A heresia surgiu com a Igreja Católica, no século XVIII, em especial no período da Idade Média, quando ela começou a sentir-se ameaçada por pessoas que criticavam seus dogmas e seus ensinamentos. A definição tanto da Igreja Católica como das Igrejas Protestantes, é que heresia é quando alguém é contrário as mensagens ensinadas por Jesus, e a heresia é dita na própria Bíblia.  Uma heresia consiste na negação ou dúvida pertinaz, por parte de um cristão, de alguma verdade que se deve crer com fé divina. As heresias apareceram ao longo da história da Igreja pela negação ou recusa voluntária de uma ou mais afirmações de fé.  Por sua transcendência teológica e política, são destacadas as heresias relativas à natureza e missão de Cristo (arianismo, nestorianismo e monofisismo, entre outras); em relação à liberdade do homem e à ação de graça (pelagianismo, protestantismo), em relação à luta entre o bem e o mal (maniqueísmo, catarismo, etc.); em relação à função, à vida e constituição da Igreja (valdenses, hussitas, protestantismo, etc.).  A partir do século IV os concílios ecumênicos passaram a ser o principal instrumento eclesiástico para a definição da ortodoxia e condenação das heresias e desde o século XVI a vigilância doutrinal passou a ser exercida pela Sagrada Congregação da Inquisição, chamada Santo Ofício desde 1908 e da Doutrina da Fé a partir de 1965. Nos estados em que o catolicismo era a religião estatal, os hereges contumazes eram entregues com frequência ao braço secular para aplicação das penas civis, que podiam incluir pena de morte. Na sua própria esfera, a Igreja impõe penas canônicas, sendo que a mais importante é a excomunhão.

 

Heresias Cristológicas

Heresias cristológicas são ideias e doutrinas a respeito de Jesus Cristo que vão contra os ensinamentos da Igreja Católica.  Algumas dessas doutrinas heréticas são: docetismo, adocionismo, arianismo, apolinarismo, nestorianismo, monofisismo e monotelismo.

 

 

HERESIA E A "SANTA" INQUISIÇÃO

 

 

Santa Inquisição

A Igreja Católica ficou tão preocupada com as criticas aos seus ensinamentos que criou, no século XIII o Tribunal da Igreja Católica, mais conhecido como A Santa Inquisição.   A Inquisição tinha o objetivo de perseguir, julgar e punir as pessoas acusadas de heresia, e esses eram considerados como inimigos de estado, quando cometiam os atos por mais de um ano.  As punições por heresia eram muito severas, os hereges eram queimados vivos, torturados ou então estrangulados, e durou mais de cinco séculos. Heresia - (do grego hairesis, 'escolha', pelo latino haeresis + -ia) opinião, escolha, preferência, opção. Em fins do século XVIII, a Igreja Católica sentiu-se ameaçada por uma série de críticas feitas aos dogmas sobre os quais se apoiava a Doutrina Cristã.   Essas críticas e dúvidas sobre a verdade absoluta da mensagem da Igreja aumentaram, e os indivíduos que partilhavam dessas idéias contestadoras da doutrina oficial do catolicismo eram chamados de hereges.   A palavra herege origina da palavra grega "hairesis" e do latim haeresis e significa doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja Católica em matéria de fé.   No que diz respeito propriamente ao conceito de heresia, foi aceita a definição do teólogo medievalista M. D. Chenu, de que herege é "o que escolheu’’ , o que isolou de uma verdade global uma verdade parcial, e em seguida se obstinou na escolha.

A heresia é uma ruptura com o dominante e ao mesmo tempo é uma adesão a uma outra mensagem.  É contagiosa e em determinadas condições dissemina-se facilmente na sociedade. Daí o perigo que representa para a ordem estabelecida, sempre preocupada em preservar a estrutura social tradicional.    No fim do século XV, isto é, no início da época moderna, foi criada na Espanha uma instituição, que se inspirou nos moldes das que haviam funcionado na Europa durante a época medieval: O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição.   O caráter cruel e desumano de seu funcionamento talvez não tenha precedentes na história da civilização, até o surgimento do nazismo e do imperialismo no século XX.   Há contudo um fato importante que deve ser cuidadosamente anotado para que possamos entender o complexo fenômeno da perseguição as heresias na Espanha e Portugal: a palavra "heresia" adquiriu com o tempo diversas conotações, e para os inquisidores portugueses tinha um sentido muito definido e específico, que estava registrado em seus regimentos.   Diz textualmente o Regimento da Inquisição de 1640, no Livro III, p.151: "contra os hereges e apóstolos que, sendo cristãos batizadores, deixam de ter e confessar nossa fé católica".

E também contra os indivíduos "que confessam nela" ( na Inquisição ) "as culpas de judaísmo, ou de qualquer outra heresia ou apostasia".   E pois o português batizado, descendente de judeus convertidos ao catolicismo e praticante secreto do judaísmo, um herege perante a Igreja Católica em Portugal.

 

A Santa Inquisição

 

 

Tribunal da Igreja Católica instituído no século XIII para perseguir, julgar e punir os acusados de heresia. A Santa Inquisição foi fundada pelo Papa Gregório IX (1148-1241) em sua bula Excommunicamus, publicada em 1231. Heresias são doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido como matéria de fé. Na época inicial da Igreja elas eram punidas com a excomunhão. Quando no século IV o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, os heréticos passam a ser perseguidos como inimigos do estado.  Na Europa , entre o século XI e XV, as heresias são geradas principalmente pelo desenvolvimento cultural, acompanhado de prosperidade econômica e crescimento urbano. As reflexões filosóficas e teológicas da época produzem conhecimento que contradizem a concepção de mundo defendida até então pelo poder eclesiástico. Além disso, surgem movimentos cristãos, como os cátaros em Albi, e os valdenses em Lyon, no sul da França, que pregam a volta do cristianismo às origens, defendendo a necessidade de a Igreja abandonar suas riquezas. Em resposta a essas heresias, milhares de albigenses são liquidados por exércitos papais, entre os anos de 1208 e 1229.    A Inquisição é criada dois anos depois. A responsabilidade pela ortodoxia da religião passa dos bispos aos inquisidores, sob a direta jurisdição do Papa, e são estabelecidas punições severas. As penas podem variar, desde a obrigação de fazer uma abjuração pública ou uma peregrinação a um santuário até o confisco dos bens e a prisão em cadeia. A pena mais severa é a prisão perpétua, mas as autoridades civis automaticamente a converte em execução pública na fogueira ou na forca. Os heréticos não podem recorrer ao direito de asilo, e em geral, duas testemunhas constituem suficiente prova de culpa. Em 1252, o Papa Inocêncio IV sanciona o uso da tortura como método de obtenção da confissão de suspeitos. As condenações dos culpados são lidas numa cerimônia pública no fim dos processos. É o chamado auto-de-fé. Nos séculos XIV e XV, os tribunais da Inquisição diminuem sua atividade e são recriados sob a forma de uma Congregação da Inquisição contra os movimentos da Reforma Protestante e contra as "heresias" filosóficas e científicas saídas do Renascimento.Vítimas notórias da fogueira da Inquisição são a heroína francesa Joana D'Arc (1412-1431), executada por declarar-se mensageira de Deus e usar roupas masculinas, e o italiano Giordano Bruno (1548?-1600), considerado o pai da Filosofia moderna, condenado por concepções intelectuais consideradas contrárias às aceitas pela Igreja.   Uma forma ainda mais violenta da Inquisição surge em 1478, na Espanha, a pedido dos reis católicos Fernando e Isabel, contra os judeus e muçulmanos, que são convertidos pela força ao catolicismo.   Há muito tempo sinto-me provocada  a pesquisar  a respeito da Inquisição ou, como melhor posso referir-me agora INQUISIÇÕES, para encontrar algumas respostas. Na verdade, são dois os fatos que me levaram à pesquisa: o fato de ter tido uma formação religiosa católica apostólica romana rigorosa ( e ter convivido na adolescência nos bastidores de instituições que a expressavam) e tê-la negado tornando-me ateísta e, recentemente , por um fato pitoresco de um aluno, que ao escolher esta temática para construir sua monografia, logo depois das primeiras buscas e leituras, tê-la abandonado por sentir-se incomodado ( pelas “coisas estranhas” que aconteceram em sua casa) pelo espírito da Inquisição. Ora, se o fato de procurar compreender melhor o perverso e monstruoso processo inquisitório a que foram submetidas milhares de pessoas, durante séculos, já causa arrepios, imagine-se o “poder”  que exercia sobre os homens de cada época e de cada lugar onde ela se implementou.

 

 

Inquisições: Perplexidade e Indignação

 

Ao iniciar a pesquisa fui surpreendida pela enorme  abrangência tanto temporal como espacial das Inquisições e até pela proximidade e atualidade do seu caráter perverso e controlador.Não tenho a intenção de redigir uma monografia sobre a temática em questão, portanto não farei um recorte específico mas empenharei esforços em compreender , pelo menos, os atos determinantes e principais, especialmente na Europa. Haverá três momentos de aprofundamento na revisão da cronologia histórica das Inquisições: 1376 – momento da elaboração do Manual dos Inquisidores ( com uma análise da obra); 1483 – nomeação de um dos inquisidores mais perversos : Tomás de Torquemada ( com a apresentação da sua biografia) e 1564 – publicação do INDEX - Librorum Prohibitorum  - ( com a indicação de alguns nomes referenciados nele).Vou empenhar um esforço enorme em despir-me do “olhar voltairiano”em relação às instituições feudais ( neste caso a Igreja) que nesta visão eram consideradas inimigas da sociedade e  a Idade Média como época de opressão, obscurantismo, de tirania e rapinagem e apresenta-la como Guizot, nem defendendo, nem atacando-a mas compreendendo o papel que ela desempenhou. Não posso dar garantias que o farei até o final visto ser o sentimento de Voltaire também um sentimento pessoal em relação à Igreja que teve papel também decisivo na minha constituição como “sujeito concreto”.Para compreender as Inquisições da Idade Média é preciso buscar já nos primeiros séculos seu entendimento. No século III o império romano enfrentava vários problemas associados às questões econômicas, às guerras e  à moral e lutava dramaticamente para manter-se material e culturalmente. Neste processo de crise o aspecto religioso assume importância fundamental.   No decorrer do século IV o mundo tardo antigo romano vivencia um conjunto de profundas e importantes transformações que modificam substancialmente as estruturas sociais, econômicas, políticas, religiosas e mentais clássicas, fazendo surgir outras que resistimos a chamar de medievais e que caracterizam o momento histórico que denominamos de Antiguidade Tardia. Dentro dessas mudanças, as transformações ocorridas na religiosidade e no universo mental dos homens do mundo tardo antigo apresentam uma importância crucial, pois elas são elementos decisivos para a compreensão do fenômeno fundamental que marca a sociedade da Antigüidade Tardia: a expansão da religião cristã no âmbito da bacia do mar Mediterrâneo, em outras palavras, o processo de cristianização que atinge toda a estrutura social do Baixo Império Romano. Momento este em que a Igreja cristã vai se apresentar ao mundo romano corrompido como a única capaz de oferecer direção àquela sociedade e capaz de socorre-la na decadência. Houve também, naquele momento, uma política de favorecimento ao cristianismo e a  conversão de Roma, fatores esses que contribuíram para a sua implantação. A partir do Édito de Milão em 313 o cristianismo torna-se religião permitida. Isto foi possível por causa da conversão do Imperador Constantino que oferecia à nova religiosidade, apoio estatal. O cristianismo subiu ao trono com Constantino.   Como o cristianismo vinha oferecer respostas a esta nova religiosidade da sociedade, facilmente se expandiu, conquistando mais e mais adeptos.   No início os imperadores não pretendiam regular a fé e aceitavam a doutrina da Igreja. Como a Igreja não estava suficientemente organizada, recorria ao governo civil e isto lhe dava um ar de subordinação e dependência.   O imperador quase sempre intervinha. A igreja servia-se da força do Império Com a decadência do poder temporal, o poder espiritual passa a ganhar espaço e a Igreja se torna cada vez mais organizada como Instituição passando a respirar ares de superioridade e independência. De um lado a sociedade civil em decadência, de outro, a sociedade religiosa em ascensão.Do século V ao século VIII a Igreja se revestiu de crescente domínio e sofreu poucas e não muito significativas pressões ou questionamentos. Nestes séculos foi conquistando prestígio e foi acumulando considerável patrimônio, graças a doações de senhores e reis  (BONI, 1996:93). Porém, do século IX em diante sofre um processo de autoritarismo, com posturas dogmáticas e agia procurando obstruir as pesquisas e a livre investigação. Provocou desta forma oposições seríssimas e para manter-se agiu com rigor inclusive valendo-se do SANTO OFÍCIO para resolver as questões.   A Igreja hegemônica desta época, não se caracterizava assim nem pela pobreza, nem pela humildade e muito menos pela caridade e tinha como apoio “um braço secular” ( representado pela nobreza) e isto dificultava qualquer tipo de contraposição a ela.  Apesar disto havia os que se propunham a apontar os erros e desvios da Igreja do seu objetivo central na “espiritualização”do ser humano. Estes, que se contrapunham, principalmente a partir dos séculos XI e XII ( segundo BOFF a partir do século IV e V)  começaram a manifestar-se.  À medida em que estas manifestações foram ficando mais explícitas, a Igreja, para não perder o controle e o poder iniciou uma acirrada perseguição. Na verdade era uma tentativa de se manter a sociedade feudal e não permitir a implantação da nova sociedade – a burguesa – que neste momento já respirava ares de revolução. Podemos perceber que esta tensão dura até praticamente o século XVIII quando de fato a sociedade burguesa se instaura.   Os que se contrapunham eram chamados de hereges ( do grego hairesis e do latim haeresis que significa doutrina contrária ao que foi difundido pela Igreja em matéria de fé. Em grego hairetikis  que significa “o que escolhe”. Os hereges eram perseguidos pelos inquisidores, principalmente por duvidar da virgindade de Maria, por considerar que não havia pecado na fornicação, por negarem a existência do purgatório, por praticarem a feitiçaria, por negarem a cruz, a eucaristia e a missa. O herege era, na verdade, aquele que quebrava um juramento de fidelidade ou que não aceitava a verdade absoluta da Igreja Apostólica Romana, portanto, tinha que ser punido de alguma forma. A heresia era considerada o pior dos delitos.  Na verdade, no decorrer da história, “ser herege”teve conotações bem diferentes.  Se o movimento de repressão foi tão intenso  e, mais intenso em alguns momentos e se hoje, ainda se manifesta (de formas diferenciadas) é porque a contraposição representou e ainda representa perigo à estabilidade da forma ideológica hegemônica.  A Igreja tinha seu braço secular e se sua ação não estava restrita à Religião, por isso  a questão extrapolava o simples dogmatismo religioso. Qualquer contraposição era considerada perigosa pois representava uma questão também política, portanto uma força desagregadora do mundo cristão e medieval e,  como tal deveria ser dissipada.  Apesar de encontrarmos em vários autores as datas de 1229 e 1859 como início e extinção , respectivamente, das Inquisições, existem outras datas anteriores e posteriores que demonstram o engendramento das Inquisições antes e depois da criação do Santo Ofício propriamente dito. Alguns fatos foram decisivos nestas perseguições e na legitimação das Inquisições e considero-os de extrema importância para uma maior compreensão da temática.   No século XI dois fatos foram de grande importância: Em 1017, em Orleães, houve um surto de heresia na cidade e o Rei Roberto julgou-os e mandou que os lançassem ao fogo. Em 1045 quando foram descobertos alguns heréticos, as autoridades eclesiásticas recorreram aos legisladores pois ainda não sabiam o que fazer com eles pois não havia Lei para puni-los. Ora eram punidos com clemência , ora com excessivo rigor.  No século XII posso referenciar os seguintes fatos: em 1134 São Norberto pronunciou-se contra as Inquisições. Em 1144 na cidade de Lião um grupo de hereges foi salvo pelo clero que convenceu o povo que sua conversão era possível pois o povo queria mata-los. Em 1145, a população de Colônia queimou alguns cátaros. São Bernardo de Clairvaux recriminou a barbaridade do ato, porém elogiou o zelo religioso do povo, enfatizando que a fé deveria ser defendida pela persuasão e não pela violência. Em 1148 o Concílio de Verona instituiu a excomunhão para os heréticos. Em 1154 São Bernardo manifestou-se contra as Inquisições.  A origem das Inquisições como processo de julgamento está no decreto de 1184 , do papa Lúcio III ( em conjunto com o Imperador Frederico Barba Roxa, bispos , prelados e príncipes) ,intitulado Ad Abolendem  , que une o poder eclesiástico e civil que até então haviam agido independentemente um do outro. Não bastava punir, era preciso procurar os hereges. Instituiu-se então a Inquisição Episcopal. Em 1185 Henrique II mandou marcar com ferro vermelho, na testa, os hereges que , deformados, tinham que desfilar pelas ruas. Em 1197, Pedro de Aragão instituiu no Código Civil a condenação dos heréticos através da punição pelo fogo. Em 1198 o papa Inocêncio III cria a comissão dos monges cistercienses para investigar e proceder os heréticos e o papa vai a Midi ( França), pessoalmente, para ajudar os missionários a combater as heresias.Com os decretos papais as Inquisições iam se legitimando. Ora, se Deus dava poder aos papas, como diziam, então era vontade de Deus que os hereges fossem queimados e o mal fosse exterminado entre os homens. Esta era a lógica das Inquisições. No século XIII, em 1208 execuções em massa foram ordenadas pelo papa Inocêncio III pela Cruzada contra os albigenses. Em 1215, segundo o Concílio de Latrão, os senhores das Terras que protegessem os hereges perderiam seus domínios . O Concílio estipulava também o Método inquisitivo e determinava que todos os judeus usassem um distintivo para que não fossem confundidos com os cristãos ( parece a antecipação da ordem de Hitler como diz NOVINSKY – 1993:23). Em 1219, Domingos de Gusmão, criador da ordem dos dominicanos, organizou uma confraria chamada Milícia de Jesus Cristo e seus membros eram doutrinados e preparados para se lançarem à frente da batalha de preservação da pureza do catolicismo. Em 1220, Frederico II incluiu Estatuto a pena de morte para os heréticos  e o confisco de bens ( a determinação papal só acontece em 1226), pois tinha interesse particular no mesmo . Os sectários  que não morriam ,deles, deveriam seriam cortadas as línguas. Em 1226 o papa Inocêncio III determina que sejam destruídas casas onde os hereges haviam trabalhado ou se escondido. Só mais tarde, ao invés de destruir os bens, estes passaram a ser confiscados e em 1231 incluiu-se  na Constituição de Sicília a morte na fogueira. Em 1226 os reis da França, país onde a Inquisição teve mais força, proibiram a entrada de hereges em seu reino.Gregório IX foi quem organizou o Tribunal Inquisitorial em 1229 no Concílio de Toulouse criando oficialmente o Tribunal do Santo Ofício. Em 1232 na bula papal Excommunicamus  se estipulavam alguns procedimentos e confiava-se aos dominicanos a tarefa de  legislar e condenar os heréticos entregando-os ao braço secular da Igreja para serem punidos. Foram escolhidos os dominicanos pois eram seguidores de São Francisco de Assis e, por seus princípios tinham total desapego às coisas materiais e não cometeriam ( pela lógica das Inquisições) crimes por causa da fortuna. . Em 1243 o Concílio Regional de Narbona  (França) promulgou 29 artigos contra os abusos do poder empregado nos processos inquisitórios.  Em 1252 o papa Inocêncio IV autoriza o uso de torturas para obter confissão do acusado.  O acusado que confessasse podia retratar-se submetendo-se a penitências, flagelações, peregrinações e à prisão ( nos casos mais graves). Se persistisse no pecado ou não reconhecesse sua culpa era queimado na fogueira. No século XIV,em 1314, acontece o primeiro auto de Fé em Aragão (França), seis hereges foram queimados vivos.  Em 1331 o Concílio de Viena determinava que fossem perseguidos todos os que praticassem usura ( cobrança de juros exorbitantes) porque seu dinheiro não vinha do seu trabalho.  Em 1376 surgem necessidades de códigos e regulamentos próprios para o processo inquisitório, pois com o passar dos tempos este, torna-se cada vez mais complexo. Faço aqui um parênteses para apresentar alguns dados contidos num dos mais importantes manuais de inquisidores , o Directoruim Inquisitorum , escrito por Nicolau Eymerich ( em 1376) e Francisco Peña (em 1578). Para melhor compreende-lo torna-se indispensável a apresentação do Prefácio do mesmo ( publicado em português em 1993) , feito por BOFF onde nos envolve em importantes discussões. BOFF discute a prepotência da Igreja em impor a verdade absoluta e não encará-la como ‘busca” e por isto considerar qualquer atitude de não aceitação desta verdade como crime que devia ser punido. A Igreja posicionava-se totalmente intolerante aos divergentes.   Expõe também a lógica da  mentalidade da Igreja e dos inquisidores. Devia-se acreditar que as Inquisições representavam uma atitude sensata , pois era executada para defender a fé religiosa a qualquer preço. BOFF explica ainda  que a centralidade das Inquisições estava na imposição da verdade absoluta revelada para nossa salvação. A Bíblia e a Tradição da Igreja não podiam ser questionadas uma vez que isso colocaria em dúvida a sua autoridade, portanto todos deviam concordar e repetir os ensinamentos da mesma.   Os inquisidores se apresentavam como representantes da autoridade papal.  As pessoas eram animadas a delatar. Três tipos de processos podiam acontecer : por acusação, por denúncia, por investigação. Os acusados eram submetidos a todo tipo de pressão para confessar. A confissão era tudo numa Inquisição e as penas eram variáveis. BOFF afirma que as Inquisições eram possíveis graças à violência interna da Igreja e da distribuição centralizada do poder sagrado, que assumiu o conceito de hierarquia como dominante e a partir do século X dividiu-se entre corpo clerical e laical. Ao clérigos atribuíram origem divina a seu poder e colocaram-se como decisivos para a salvação da humanidade.   A característica principal deste processo era o autoritarismo. BOFF apresenta então os autores do Manual que foram dois dominicanos, um do século XIV e outro do século XVI, peritos em jurisprudência e Teologia – Nicolau Eymerich e Francisco Peña e contextualiza a perseguição aos divergentes já a partir dos séculos IV e V. O Manual foi reeditado em 1578, 1585, 1587, 1595 e 1607 quando o Vaticano o usou para combater o protestantismo ( aliás, Lutero foi um dos que escapou da fogueira) . Nicolau Eymerich( 1320-1399) nasceu em Gerona, dominicano, inquisidor de 1357 a 1392; Francisco Peña, espanhol, reescreveu o Manual no século XVI por causa das novas heresias. Apesar de haver duas inquisições oficiais – a Espanhola e a Romana – o manual passa a ser referência comum para as duas e para todos os inquisidores; BOFF, neste prefácio,  nos provoca não só  a pensar a lógica das Inquisições mas principalmente questiona-la e finaliza o Prefácio duramente:  “A “Santa” Inquisição é um componente neurótico obsessivo do corpo clerical e cristaliza a dimensão de pecado que existe  nas relações internas da Igreja. Pois, a própria Igreja-comunidade-de-fiéis se confessa santa e pecadora. Se assim é, então aqui é o pecado institucional que ganha a cena e a ocupa durante séculos. Seu espírito vaga assustador até os dias de hoje”.      A apresentação do Prefácio de BOFF quase dispensa a apresentação do Manual em si e dá elementos para compreender o próprio sentido das Inquisições até os dias de hoje, remetendo a uma reflexão muito séria quanto à “absoluta verdade”proclamada pela Igreja Apostólica Romana .

Vou então, para a apresentação, de forma sucinta, já que o objetivo central não é a análise do manual ( que aqui coloco apenas como exemplificação concreta do que falava anteriormente). O manual se divide em três partes: a jurisdição do Inquisidor, a Prática Inquisitorial e Questões referentes à Prática do Santo Ofício da Inquisição. Na primeira parte os autores definem quem são os hereges, as causas da heresia, nomeiam alguns hereges famosos, tratam sobre os que protegem os hereges e os que se opõem à Inquisição; na segunda parte tratam da posse e do poder do inquisidor, sobre o processo da inquisição ( inclusive os truques para neutralizar os truques dos hereges) e sobre os vários veredictos; na terceira parte trata especificamente sobre o poder do inquisidor (inclusive em relação ao papa).Quero registrar algumas partes do Manual que caracterizam o detalhamento e a perversidade da intenção de se reprimir qualquer tentativa de oposição. Na parte introdutória ( p 36) define-se exatamente quem devia ser considerado herege:               

 

São heréticos:

a)       Os excomungados;

b)       Os simoníacos;

c)       Quem se opuser à Igreja de Roma e contestar a autoridade que ela recebeu de Deus;

d)       Quem cometer erros na interpretação das Sagradas Escrituras;

e)       Quem criar uma nova seita ou aderir a uma seita já existente;

f)        Quem não aceitar a doutrina Romana no que se refere aos sacramentos;

g)       Quem tiver opinião diferente da Igreja de Roma sobre um ou vários artigos de fé;

h)       Quem duvidar da fé cristã.

Observe-se que estas oito situações, se aplicadas em nosso tempo, poderiam nos fazer concluir que vivemos no século da “heresia”ou da “lucidez”ou do”ecletismo esvaziado”de concepções.  Na parte onde se detalham as orientações para o procedimento do interrogatório apresenta-se os “dez truques dos hereges para responder sem confessar: responder de forma ambígua, responder acrescentando uma condição, responder invertendo a pergunta; fingir-se de surpreso, mudar as palavras das perguntas, deturpar as palavras, autojustificar-se, fingir uma súbita debilidade física, simular idiotice ou demência e dar ares de santidade.   Logo em seguida, apresenta-se “dez truques do inquisidor para neutralizar os truques dos hereges”: desfazer as dúvidas, fingir que já sabe de tudo e que só resta confessar, ler testemunhos para confundir os hereges, faze-lo parecer verdadeiramente culpado, fingir que irá sair e não sabe quando irá voltar, intensificar o interrogatório, não soltar o herege sob fiança, colocar junto ao herege fiéis íntegros que o convençam a confessar, colocar o herege junto a um convertido para convence-lo e não interromper a confissão.   Podemos perceber a prepotência do inquisidor sobre o “dito herege” e a inexistência de possibilidade de livrar-se da punição , mesmo se fosse inocente. Há uma pressão psicológica e torturas físicas de tal intensidade que para livrar-se da “tortura” o acusado acabaria confessando até o que não cometera. Logo após a apresentação dos dez truques para se obter a confissão, ainda se registra: “(...) mas a mentira que se prega judicialmente, em benefício do Direito, do bem comum e da razão, é absolutamente louvável”. Tudo era permitido em nome da Fé.   Mais surpreendente é o perfil descrito para ser inquisidor ( p 185) : devia ser honesto no seu trabalho, prudente, firme, de erudição católica perfeita, virtuoso, doutor em Teologia, Direito Canônico e Civil, ter pelo manos 40 anos. Com este perfil, facilmente os inquisidores conquistavam o respeito do povo e legitimavam ainda mais as Inquisições, pois a verdade estava intimamente ligada à autoridade. O manual sugeria penas que variavam desde torturas, multas, peregrinações, orações, esmolas, confisco de bens, excomunhão , até a morte. E o manual é concluído garantindo que os inquisidores teriam direito em vida e na hora da morte à “indulgência plenária”. Em nome da fé, da defesa da verdade absoluta, da religião hegemônica estavam os inquisidores autorizados a cometer atrocidades e ainda tinham como prêmio a “vida eterna”.

 

 

Preciso “respirar no texto” pois, por mais que tente compreender o contexto de tamanha perversidade e que a história explique a heresia até como sinal de renascimento religioso e resultado da opulência da própria Igreja na Idade Média, apesar de tudo isto, é difícil manter o método de investigação ao qual me propus para compreender tal questão, e sucumbo, a cada decreto, a cada bula, a um sentimento de crescente irritação e indignação diante de tamanha monstruosidade. Mas sigamos no desvelamento. A frieza e a certeza de se estar defendendo a “fé religiosa” estimulava os inquisidores  a socializar suas experiências. Os inquisidores eram itinerantes e tinham a prática epistolar para trocar suas experiências. Também foram elaborados, não um, mas vários manuais escritos para ensinar aos novos inquisidores os fundamentos doutrinários e a forma de como se conseguir as confissões.

Os inquisidores eram respeitados por causa de sua erudição e comportamento exemplar. Ainda no século XIV, em 1391, dá-se um massacre no qual 4000 judeus foram mortos nas ruas de Sevilha ( entre a conversão e a morte , optavam pela morte pois consideravam a religião cristã uma idolatria). No século XV, na Espanha, o Rei Fernando e a Rainha Isabel ( que subiram ao trono em 1474)  visavam , principalmente, os judeus e muçulmanos e tomavam para si os bens confiscados. Neste século , a Espanha passava por graves crises políticas e econômicas e para desviar a atenção das verdadeiras causas da crise, colocava-se os judeus como responsáveis por usurparem as melhores posições e divulgarem a heresia judaica.  Em 01/11/1478 o papa Sisto IV promulga a bula Exigit sincerae devotionis affectus  através da qual funda a nova Inquisição na Espanha e autoriza os reis a nomear três inquisidores por cidade. Até então só o papa podia faze-lo. Procedia-se a uma cerimônia de nomeação e juramentos dos inquisidores e fazia-se uma missa pública para apresenta-los, na qual as autoridades e o povo deviam fazer um juramento de que iriam apoiá-los. Entre 1441 e 1488, na Espanha, mais de 700 conversos foram queimados vivos e 5000 mil foram presos e sentenciados.  Em 1482 o papa Sisto IV promulga regras coibitivas do poder dos inquisidores porque estes cometiam excessos.

As admoestações pontificiais de nada adiantaram pois o rei Fernando e a rainha Isabel se opunham à Santa Sé e assim resolveram criar o inquisidor-mor e em 1482 indicaram Tomás de Torquemada, um dos mais perversos inquisidores ( foi designado pelo papa Sisto IV para moderar o zelo dos inquisidores espanhóis ).   Com a nomeação de Tomás de Torquemada as Inquisições adquirem força total e este passa a ser referência para os inquisidores dos séculos posteriores.   Tomás nasceu em Torquemada no ano de 1420. Religioso dominicano, exerceu o cargo de Prior do Convento de Santa Cruz, em Segóvia por 22 anos. A mesma austeridade que tinha consigo teve com seus semelhantes nos procedimentos judiciários. Em 1484 redigiu, para uso dos Inquisidores uma Instrução onde propunha normas para os processos inquisitoriais.   A perversidade de Torquemada foi levada à Sé em Roma para que o papa o destituísse mas em consideração à corte da Espanha o papa não o fez.   O que fez foi diminuir seu poderio, colocando ao seu lado quatro assessores munidos de iguais faculdades. Para muitos, Torquemada ficou sendo a própria personificação da intolerância religiosa, homem de mãos sanguinolentas. Outros autores consideram não a perversidade de Torquemada mas o explicam apontando seu zelo religioso.  Em 1483 estabelece-se também o Tribunal de Aragão, Catalunha e Valência. Em 1485 o inquisidor Pedro de Arbués  (da Espanha) é assassinado pelos conjurados.  O povo se revolta com os fatos e esquarteja os assassinos.   O inquisidor vira mártir e as inquisições ganham força.  Em 1495 Dom Manuel casava-se com Isabel e no contrato nupcial havia uma cláusula que exigia a expulsão dos judeus de Portugal em dez meses.

Quando terminou o prazo, D. Manuel ordenou que todos os judeus fossem batizados pela força. Nascia assim os chamados cristãos novos. Conciliou-se assim, os interesses econômicos e religiosos ( salvaram-se as almas e encheram-se os cofres da Coroa).  No século XVI, em  1530 o papa Clemente VII, conferiu aos Inquisidores a faculdade de absolver a heresia e a apostasia, (negação dos ensinamentos dos apóstolos). Em 1536 pela bula papal Cum ad nihil magis são nomeados três bispos ( de Lamego, de Coimbra e de Ceuta) como inquisidores gerais de Portugal, instituindo-se o Santo Ofício naquele país e retirando-se o segredo do processo inquisitório( isto aconteceu porque o rei de Portugal D. João III ofereceu ao papa uma enorme fortuna. Em 1540 o papa Paulo III cria a Congregação da Inquisição Romana ou Santo Ofício.    No dia 20/12 do mesmo ano realiza-se o primeiro auto de fé em Portugal (Lisboa).  Em 1542 a igreja passa a combater o que chama de “surto do protestantismo”.

Em 1544 o papa manda suspender a atividade do Tribunal do Santo Ofício em Portugal. Entre 1545 e 1563 pelo Concílio de Trento, o movimento de Contra Reforma reafirma dogmas da Igreja Católica, exigindo maior disciplina do clero e proibindo a venda de indulgências, comércio de simonias  e institui o INDEX. Em 16/07/1547 pela bula Meditatio cordis o papa reestabelece a Inquisição em Portugal.    Apesar de em 1517, no Concílio de Latrão se ter decretado que a impressão de livros deveria ser aprovada pelo Bispo local, só em 1543 e 1547 divulga-se o primeiro Índice dos Livros Proibidos ( Index Librorum Prohibitorum).  

O INDEX era uma relação oficial de livros, periodicamente atualizada, que trazia as obras que eram proibidas aos católicos.

E todo católico deveria obedecer cegamente a esta proibição. O objetivo era impedir o contato com idéias que afloravam no século XVI, impedir os avanços científicos e a popularização do saber.   Poderia citar como vítimas da Inquisição,em vários séculos,  incluídos no INDEX: Nicolau Copérnico  (1473-1543) , Galileu Galilei ( 1564-1642), Giordano Bruno (1548-1600)– vítima fatal da Inquisição, Miguel Servet (1511-1553) e Michelangelo Buonarroti (1475-1564), Gil Vicente, Camões, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro também tiveram suas obras mutiladas e censuradas. Descartes e Locke tiveram suas obras proibidas. Os livros proibidos eram queimados nos autos de fé e seus autores, muitas vezes, sentenciados à morte ou ao confisco de bens.  A leitura da Bíblia, por exemplo, em linguagem corrente era proibida.   O povo, na maioria analfabeto, deveria aceitar a interpretação do clero.   As gráficas, as livrarias, os navios que chegavam aos portos, as bibliotecas (particulares ou não) eram fiscalizadas. Porém, na clandestinidade, viajantes, mercadores e contrabandistas introduziam as obras proibidas.  Quando nos deparamos com obras do século XVI e de séculos até posteriores, podemos perceber nas páginas iniciais a observação “nihil obstat” que significa que a obra está aprovada. Exemplo disto é a obra de Antonil ( jesuíta) “Cultura e opulência do Brasil”, escrita em 1710. O INDEX só foi extinto em 1965 pelo papa Paulo VI (1963-1978).   Posso ir percebendo quantos foram os instrumentos dos quais a Igreja Católica lançou mão para manter sua hegemonia”: a catequização, o controle, a perseguição e a destruição.   Os que eram convencidos pela palavra não sofriam com as torturas ou com a morte.   No século XVIII o rei Carlos III ( da Espanha) , de 1759 a 1788 proibiu que se cumprisse qualquer ordem vinda de Roma sem que o Conselho de Castela aprovasse.No século XIX, em  04/12/1808 o imperador Napoleão aboliu a Inquisição Espanhola e o rei Fernando VII a restaurou em 1814 a fim de punir os colaboradores de Napoleão. Em 1820 há a extinção definitiva da Inquisição Espanhola.  Em 1848 o papa Pio IX ( 1846-1878) determina através de uma bula a destruição imediata de todos os instrumentos de tortura.. Em 1859 o mesmo Papa extingue definitivamente o Santo Ofício.   Ao concluir, provisoriamente esta breve pesquisa, assolam-me sentimentos diversos: do espírito de análise histórica e dialética porque esforço-me em compreender as Inquisições como resultado da opulência da própria Igreja Católica e como sinal de renascimento religioso e de indignação ( que não quero perder mesmo olhando para o passado, porque seus galhos estão no presente) por não compreender como, em nome do tal “cristianismo” cometeram-se tantas perversidades e “ não compreender”, igualmente, a existência de um Deus inerte diante deste processo e de susto ao perceber o “espírito”da inquisição presente em nosso tempo.   Quando me refiro ao espírito das Inquisições quero apontar justamente para o papel de controle sobre os homens, impondo-lhes penas, caso não haja aceitação.Hoje, não temos um igreja hegemônica, apesar da força do Vaticano  (tão bem estruturado material e ideologicamente), temos religiões impregnadas do “ideário liberal” impondo aos sujeitos um sentimento de conformismo e de auto-responsabilização.  Se, em séculos passados, a Igreja usou as vias de força e da palavra para arrastar seus fiéis, hoje, com o “poder da mídia” fica muito mais fácil priorizar a via da palavra.    A Igreja tornou-se fábrica de inúmeros garotos- propaganda (como Padre Marcelo, Padre Zeca, Pastor RR Soares e outros) que aliaram-se aos monopólios da comunicação (tal como no século passado à nobreza) para impor a ideologia necessária para manter os homens subjugados ao sistema capitalista. Tornou-se também, dona dos maiores centros educacionais, que representam igualmente instrumentos de “adestramento humano”.   Diria então, para concluir, que os interesses religiosos não puderam e não podem escapar dos interesses temporais que condicionam as ações humanas e que somos coletivamente responsáveis pelo engendramento da sociedade!!

 

As Perseguições

Embora a Inquisição tenha alcançado seu apogeu no século XIII, suas origens remontam ao século IV:

· no século X muitos casos de execuções de hereges, na fogueira ou por estrangulamento;

· em 1198 o Papa Inocêncio III liderou uma cruzada contra os "ALBIGENSES" (hereges do sul da França), com execuções em massa;

· em 1229, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, sob a liderança do Papa Gregório IX;

· em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado "AD EXSTIRPANDA", em que vociferou: "os hereges devem ser esmagados como serpentes venenosas". Este documento foi fundamental na execução do diabólico plano de exterminar os hereges.  As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão no caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges.

O "AD EXSTIRPANDA" foi renovado ou reforçado por vários papas, nos anos seguintes: Alexandre IV (1254-1261); Clemente IV (1265-1268), Nicolau IV (1288-1292); Bonifácio VIII (1294-1303) e outros. Inocêncio IV autorizou o uso da tortura.

 

 

A Tortura como instrumento de Fé

 

 

Usava-se, dentre outros, os seguintes processos de tortura: a manjedoura, para deslocar as juntas do corpo; arrancar unhas; ferro em brasa sob várias partes do corpo; rolar o corpo sobre lâminas afiadas; uso das "Botas Espanholas" para esmagar as pernas e os pés; a Virgem de Ferro: um pequeno compartimento em forma humana, aparelhado com facas, que, ao ser fechado, dilacerava o corpo da vítima; suspensão violenta do corpo, amarrado pelos pés, provocando deslocamento das juntas; chumbo derretido no ouvido e na boca; arrancar os olhos; açoites com crueldade; forçar os hereges a pular de abismos, para cima de paus pontiagudos; engolir pedaços do próprio corpo, excrementos e urina; a "roda do despedaçamento funcionou na Inglaterra, Holanda e Alemanha, e destinava-se a triturar os corpos dos hereges; o "balcão de estiramento" era usado para desmembrar o corpo das vítimas; o "esmaga cabeça" era a máquina usada para esmagar lentamente a cabeça do condenado, e outras formas de tortura.  Com a promessa de irem diretamente para o Céu, sem passagem pelo purgatório, muitos homens eram exortados pelos inquisidores para guerrearem contra os hereges.  Depois de acusados, os hereges tinham pouca chance de sobrevivência. Geralmente as vítimas não conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até crianças. O processo era sumário. Ou seja: rápido, sem formalidades, sem direito de defesa. A Igreja de Roma, sob o pretexto de que detinha as chaves dos céus e do inferno e poderes para livrar as almas do purgatório e perdoar pecados, pretendia ser UNIVERSAL, dominar as nações mediante pressão sob seus governantes e estabelecer seus domínios por todo o Planeta.

 

O lado oculto da Igreja Católica – Inquisição

 

 

A Igreja, que no início era uma instituição de fé, havia se tornado em um grande reino envolvido na política, economia e suas terras se espalhavam por todos os cantos de Velho Mundo. Tamanho poder começou a gerar inveja e desconfiança até mesmo dos amigos mais próximo, assim a Igreja, que já havia feito guerra com os muçulmanos para tentar acabar com essa nova religião, também tinha que defender-se dos seus próprios aliados.   Como não podia simplesmente declarar guerra contras seus amigos, ela resolveu criar uma arma que poderia ser usada contra qualquer um, sem nem ao menos eles terem chance de se defender, assim surgiu a temida Inquisição.

 

 

Essa nova parte da Igreja nada mais era que um tribunal feito para julgar os hereges, pessoas que aos olhos da Igreja haviam cometido pecados.   No início parecia algo nobre, afinal eles queriam manter as pessoas na linha, seguindo a palavra de Deus, mas em pouco tempo todos notaram verdadeira face desse tribunal: matar quem interessava que fosse morto pela Igreja e não perseguir pecadores.  Estabelecida em 1184, a Inquisição teve um dos seus principais trabalho focado na perseguição aos cátaros, uma seita que divergia da Igreja e estava conseguindo muitos seguidores.  Então os acusando de heresia, mandou matar todos como pecadores e até uma pequena guerra foi feita contra eles.

 


A Inquisição também perseguia qualquer coisa que fosse considerada ruim para Igreja, assim alguns livros eram proibidos e quem os lesse, vendesse ou tivesse qualquer envolvimento seria condenado à morte sem defesa. Além disso, a Igreja obrigava as pessoas a entregarem qualquer herege que conhecessem e muitos usaram isso para matarem inimigos ou desafetos, acusando-os de heresia e assim os vendo queimar na fogueira pelas mãos da Igreja.Conta-se que certa vez mais de 1500 pessoas foram injustamente queimadas, pois foram denunciadas por inimigos e como não havia maneira de se defender acabaram mortos. A Inquisição, quando recebia uma denúncia de heresia, simplesmente torturava o suposto herege até ele confessar seu pecado e na grande maioria das vezes a pessoa não tinha feito nada de errado, mas dizia que sim para acabar com o sofrimento da tortura. Por isso milhares foram mortos em todo o mundo injustamente.

 

Não eram apenas os divergentes da Igreja que sofriam com a Inquisição. Qualquer pessoa que ameaçasse o poder dos Papas era acusada de heresia e morta pela Igreja, mesmo que fosse devota ou uma santa, isso não interessava mais, tudo estava focado no lado politico das ações.   Por esse motivo a Igreja, com medo de um os seus maiores e mais poderosos aliados, resolveu acabar com eles e realizou uma manobra macabra contra homens que eram mil vezes mais santos que qualquer Papa da época. Assim aconteceu um dos maiores golpes de traição da história, que marcou o mundo e até hoje é motivo para discussões.

 

 

A Proibição da Leitura da Bíblia

 

 

A história dos massacres e perseguições perde-se no tempo. Quase impossível para os historiadores é levantar o número exato ou aproximado de vítimas da Inquisição. O banho de sangue começou na Europa, mais precisamente em França, e se estendeu por países vizinhos. Havia, por parte da Igreja de Roma, uma preocupação constante com a propagação do Evangelho, com o conhecimento da Palavra, com a tradução da Bíblia em outras línguas. Preocupação no sentido de proibir. Só pelo fato de um católico passar a ler as Escrituras estava sujeito a ser considerado um herege e, como tal, ser excomungado e levado à fogueira. A Bíblia era, assim, considerada um obstáculo às pretensões da Igreja de Roma, de colocar todos os povos sob seus domínios.  Muitos meios foram usados para que a Bíblia ficasse restrita ao pequeno círculo dos sacerdotes, dos padres, dos bispos e dos papas. Dentre as medidas para conter o avanço da leitura, destaco alguns a seguir :  1229 - o Concílio de Tolouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição, determinou: "Proibimos os leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento... Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas, os mais humildes lugares de esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que os abrigar será severamente punido." (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Chr. 1229, Canons 14/2). Foi este mesmo Concílio que decretou a Cruzada contra os albigenses. Em "Acts of Inquisition, Philip Van Limborch, History of the Inquisition, cap. 08, temos a seguinte declaração conciliar: "Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelho para seus próprios propósitos... (elas sabem que) a pregação e explanação da Bíblia é absolutamente proibida aos membros leigos". Em 1866 - O Papa Pio IX, em sua encíclica "Quanta cura", em 8 de dezembro de 1866, emitiu uma lista de oito erros sob dez diferentes títulos. Sob o título IV ele diz: "Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, sociedades bíblicas... pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios possíveis".

 

Conclusões

A simples análise da História da Idade Média até os dias de hoje, nos mostra o quanto perniciosa e cruel tem sido as crendices em geral para a civilização Humana. Em especial, a Igreja clássica, que através do terror, da dominação política e econômica, impôs as trevas ao mundo ocidental. A selvageria cometida em nome de um Deus e um Diabo criados a partir do conhecimento dos medos mais profundos das pessoas daquela época, nos releva um passado recente cruel e irracional. A verdadeira antítese da vida, da liberdade e do pensamento. A demência que a Igreja semeou ao longo do mundo ocidental, através da exportação de câmaras de torturas e bárbaros inquisidores, a procura de pessoas que se atreviam a pensar, representou um atraso tecnológico e cultural de pelo menos mil anos na idade cronológica do Homem.  E tudo isto podendo ser resumido a uma simples questão : ou tema a Deus ou tema a nós. E o Diabo, afinal para que foi criado ? Para que criar mais seres demoníacos etéreos além dos já existentes na Terra ? Quando estudamos através de pesquisa séria dentro do contexto histórico, verificamos que o segundo atraso imposto, além do atraso da própria crendice e dos falsos dogmas criados, foi a proibição da leitura, conforme amplamente divulgado nas encíclicas papais. A consequência direta da proibição da leitura da bíblia que a própria Igreja a escreveu, foi catastrófica em termos culturais, pois sabemos em condições de baixo desenvolvimento econômico e social, por mais incrível e paradoxal que possa parecer - sob a ótica do intelecto e da razão - somente havia esta opção de leitura. Durante as Reformas que romperam estes paradigmas, as pessoas seguindo a necessidade de enquadrar nas religiões por força de ações sociais ou simplesmente por ignorância, forçosamente apreenderam a ler em função da necessidade de participar dos cultos religiosos.  

Finalmente, o terceiro atraso imposto foi a perseguição sistemática e de inventores e pesquisadores que ousavam blasfemar contra seu Deus. Quantas invenções e descobertas científicas poderiam ter sido realizadas, se não fosse a brutal repressão da Igreja ?   Quantas doenças já poderíamos curar, quantas fontes de energia limpa para o meio ambiente poderíamos estar usufruindo ? Sem contar o papel das Igrejas no mundo atual, a propagar fé e crenças, auxiliando as classes dominantes a manter as populações controladas e submissas ao poder do capital e do neoliberalismo.

 

 

O Que Significam as Palavras “Herege”, “Heresia” e “Seita”?

 

 

As palavras “herege”, “heresia” e “seita” vêm de palavras gregas usadas no Novo Testamento, derivadas da mesma raiz. A idéia fundamental atrás destas palavras é “escolher” ou “escolha”.   Assim a forma de verbo é usada quando Deus diz que escolheu seu servo, Mateus 12:18.    Outras vezes na Bíblia e no uso atual destas palavras, ainda podemos ver um elemento de escolha. Quando homens decidem seguir suas próprias opiniões, criando novas doutrinas e facções religiosas, estas palavras se aplicam.

É neste sentido que lemos no Novo Testamento sobre seitas como dos saduceus, Atos 05:17 e fariseus, Atos 15:05, grupos que escolheram defender falsas doutrinas e tradições humanas.   Os apóstolos condenaram o espírito faccioso, Gálatas 05:20, alertaram sobre heresias destruidoras, 2 Pedro 02:01 e ensinaram os cristãos a admoestarem e depois rejeitarem os hereges, ou homens facciosos,   Tito 03:10. Escolher seguir qualquer doutrina que não vem de Deus é uma infração gravíssima da vontade do Senhor.   Às vezes, estas palavras são corretamente usadas para identificar doutrinas erradas e seus defensores, e é assim que devem ser empregadas.   Mas as palavras certas usadas pelas pessoas erradas podem se tornar armas maliciosas. Já no primeiro século, estas mesmas palavras foram usadas pelos adversários do Senhor para difamar seus servos fiéis.   Tértulo, o orador que representou os judeus no processo contra Paulo, descreveu o apóstolo como “o principal agitador da seita dos nazarenos”, Atos 24:05.   Paulo respondeu a esta distorção da palavra: “Porém confesso-te que, segundo o Caminho, a que chamam seita, assim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas”, Atos 24:14.  Mais de dois anos depois, quando Paulo chegou a Roma, os judeus queriam ouvir “a respeito desta seita que, por toda parte, é ela impugnada”,  Atos 28:22.     Desde aquela época, os poderes religiosos têm usado estas palavras para identificar ideias ou pessoas que discordam da posição oficial de uma igreja ou das correntes principais de movimentos populares.  Homens bons podem ser chamados de hereges, e homens maus podem ser vistos como servos “ungidos por Deus”.   O critério de avaliação não deve ser a posição oficial de líderes eclesiásticos, e sim a palavra de Deus.   No final das contas, não importa o que os homens dizem, pois são as palavras de Cristo que nos julgarão, João 12:48 - Gálatas 01:10. Nunca devemos escolher uma direção que contrarie a vontade de Deus!

 

O que são Heresia, Cisma e Apostasia?

 

 

"A Igreja, nos últimos tempos, será espoliada da sua virtude. O espírito profético esconder-se-á, não mais terá a graça de curar, terá diminuta a graça da abstinência, o ensino esvair-se-á, reduzir-se-á – senão desaparecerá de todo – o poder dos prodígios e dos milagres.". (cf Moralia in Job, XXIX - São Gregório Magno). Vivemos em uma sociedade caracterizada pela evolução da tecnologia nos meio de comunicação que permite a grande parte da população um acesso quase irrestrito a todo tipo de informação e ao mesmo tempo a esta mesma população a divulgação de qualquer tipo de filosofia, pensamento ou ideal. Esta realidade apresenta-se como uma faca de dois gumes: para aqueles que possuem uma firme base filosófica, moral e cultural é a possibilidade de cada vez mais solidificar seus alicerces e identificar em outras informações, às vezes de forma subliminar, tendências contrárias às suas convicções. Aos que sofrem de uma deficiência de conhecimento esta torrente de informações pode, claro, ser um auxílio para sua formação, entretanto existe o grande risco de servir para a deformação e destruição, transformando-os em simples instrumentos à cultura da morte instalada no mundo atualmente. Para nós católicos, esse risco é ainda maior, com a crescente perseguição à Santa Igreja (cada vez mais clara e menos indireta) dificilmente encontramos fontes sérias acerca da Fé que professamos na mais simples busca por qualquer assunto relacionado à Esposa de Cristo encontraremos reportagens e artigos mal intencionados; estudos históricos tendenciosos com dados incorretos e inverdades tidas como verdade, e permeados da cultura marxista (realidade infelizmente presente nos meios acadêmicos brasileiros); por fim ainda encontraremos diversos trabalhos que de uma forma ou de outra negam as verdades católicas e que o fazem na maioria das vezes travestindo essa negação com a imagem de bondade. Se envolvidos por este emaranhado infernal corremos o risco de pecar contra a virtude teologal da Fé, através da dúvida voluntária ou a involuntária: a dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. A dúvida involuntária designa a hesitação em crer, a dificuldade de superar as objeções ligadas à fé ou, ainda, a ansiedade suscitada pela obscuridade da fé. Se for deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito. Por fim podemos desenvolver a incredulidade, que consiste na negligência da verdade revelada ou na recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. Tal estado de pecado em relação à Fé nos coloca no caminho para incidir em Heresia, Apostasia e Cisma, que incorre em excomunhão nata e sentencia e  segundo prescreve o Código de Direito Canônico de 1983.

 

Heresia

Diz-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o baptismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou ainda a dúvida pertinaz acerca da mesma. Pela definição de heresia, já se pressupõe que há a necessidade de que tenha recebido o batismo aquele a quem seja imputada a acusação de herege, para que consequentemente possa ser aplicada a pena prevista. O Código de Direito Canônico é extremamente claro na definição de heresia, sendo importante a atenção ao elemento pertinácia do conceito, referente à consciência clara e continuada da negação.  Como católicos, devemos crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias. Devemos ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas. Esta fé está obviamente relacionada a nossa certeza de que Cristo institui sua ÚNICA e VERDADEIRA Igreja após a profissão de fé de Pedro e nascida do lado aberto do Senhor na Cruz.  A gravidade na dúvida de qualquer verdade transmitida pela Tradição, pela Sagrada Escritura ou pelo Magistério está no fato de, como ensinam os Santos Padres, ao desconfiar de uma só verdade coloca-se em suspeita toda Doutrina Católica e, por conseguinte a própria Igreja. A Igreja ao longo da sua existência, combateu e tem combatido diversas heresias. Tal luta se deu desde os primeiros séculos. Expomos algumas de forma resumida sem atermo-nos nas variações das mesmas. A heresia de Cerinto afirmava que Jesus não era o Cristo, Maria não era Virgem, Jesus era filho de José, e somente no batismo o Cristo, vindo do Supremo Princípio, que está acima de todas as coisas, desceu em Jesus e só a partir disso Jesus anunciou o Pai, este Cristo abandonou Jesus antes da sua paixão, morte e ressurreição. Docetismo nega corporeidade de Jesus, pensamento embebido do gnosticismo o qual é caracterizado pelo menosprezo da matéria, da carne. Sendo o gnosticismo outra heresia.  Monarquianismo nega de certa forma a Santíssima Trindade, pois segundo esta heresia distinguir, em Deus, pessoas diferentes na unidade da divindade seria admitir um segundo Deus. Portanto o Filho, não seria outra pessoa distinta do Pai, mas sim o próprio Pai numa forma ou modalidade especial. Logo seria o próprio Pai quem teria encarnado e sofrido a paixão (patripassionismo).Ou ainda o Pai, o Filho e o Espírito Santo seriam apenas nomes dados às ações de Deus (Sabelianismo) ou Jesus não seria o Logos e sim uma dinamis, uma faculdade com a qual Deus opera no mundo.  Arianismo consistia em afirmar a existência de um único Deus, o Pai, eterno absoluto, imutável, incorruptível. E este ser não poderia comunicar-se, segundo sua concepção, seu ser, nem parcelas dele nem por criação, nem por geração. Deus não poderia gerar um filho. Para criar o mundo Deus teria criado o Logos, criatura superior a tudo, não eterna. E Jesus, homem comum, apenas um receptáculo deste Logos. Pelagianismo propunha que a natureza humana não era tocada pelo pecado original e o  homem seria capaz, com suas próprias forças, evitar o pecado, ou seja, por si mesmo sem auxílio sobrenatural, evitar todos os pecados e praticar todas as boas obras. A natureza humana seria autossuficiente. As heresias supracitadas são algumas das várias que surgiram até, apenas, o séc V. Muitas são as heresias, mas a proposta da matéria não é somente descrever as mesmas. Entretanto no momento atual da Igreja faz-se necessário discorrer ainda sobre duas heresias. Protestantismo – surge com Lutero e suas 95 teses, esta heresia carrega dentre vários os seguintes pontos: negação dos sacramentos (aceita somente o Batismo e a Eucaristia), negação do Magistério da Igreja e da Tradição – crê em Sola Scriptura –, defende a livre interpretação da Bíblia, rejeita o Papa e a hierarquia da Igreja, nega o sacerdócio ministerial, nega a Transubstanciação, nega a Virgindade de Maria, afirma a salvação só pela fé - "Pecco fortiter,  sed fortius credo" (Peco intensamente, mas ainda mais intensamente creio). No texto Raízes do Protestantismo aqui no site podemos verificar mais características desta nefasta doutrina herética.   É interessante salientar que embora o CDC de 1983, não defina como hereges aqueles que nasceram nas comunidades cristãs separadas da Igreja (devido a ausência da consciência clara e contínua da culpabilidade da negação) deve-se entender que todas as seitas e denominações protestantes tem origem em uma heresia condenada pela Santa Igreja, então é necessária muita prudência e antes de tudo coragem profética acerca de certas iniciativas de “comunhão”; ou tentativas de igualar a Santa Igreja – fora da qual não há Salvação – com estas seitas; ou ainda com o adjetivo de “irmã” que se tenta imputar na relação entre estas denominações e a Igreja, colocando-as num mesmo patamar; ou buscando lhe dar uma origem católica ou um ramo da mesma árvore, pois não o são de forma alguma, representam entretanto o ramo da videira cortado e lançado fora.   Pauperismo – heresia condenada pelo Magistério da Igreja, segundo os seus propugnadores, a pobreza é o sinal distintivo da virtude evangélica, não sendo lícito possuir nenhum bem material próprio, como também bens comunitários. Tal doutrina possui um viés notadamente gnóstico — ou seja, de aversão à matéria, como se esta fosse a distinção ontológica do mal —, e não por outro motivo foi pregada entre cátaros, valdenses, e “espirituais” franciscanos que, na Idade Média, fizeram de tudo para destruir a autoridade do Papa e, por conseguinte, a força do Papado. Em suma queriam transformar um conselho evangélico em dogma.   Esta heresia volta e meia retorna ganha força, a Teologia da Libertação além de outras coisas abraça esta heresia; comunidades novas que surgiram no Brasil, especialmente, difundiram – de forma inconsciente pelos seus membros – esta heresia em suas constituições e práticas, sendo levados por seus fundadores a abdicar e condenar até mesmo “riqueza” de conhecimento; por fim vemos esta heresia tomando força novamente com o advento e início do papado de Francisco, obviamente não pela boca do Santo Padre, mas sim pela má interpretação da sociedade em relação a suas atitudes, conduzidas pela má fé da mídia mundana que usa os atos externos do Sumo Pontífice para afrontar a própria Igreja na sua tradição litúrgica e de símbolos e nos predecessores de Francisco.

 

 

Cisma

Considera-se cisma a recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos. Para melhor explicar este ponto faz-se necessário relembrar o Grande Cisma do Oriente, a este complicado processo de separação da igreja Ortodoxa da Igreja Católica Apostólica Romana não se é possível datar de forma precisa, entretanto alguns eventos podem ser citados, de forma resumida, como passos para o desfecho final. Inicialmente pode-se citar como estopim a questão do Filioque, que diz respeito à procedência do Espírito Santo, uma vez que para latinos e gregos a tradução do verbo proceder (ekporeúetai) não é a mesma. Para os gregos ekporeúetai significava procedência a partir de um Princípio absoluto, não procedente, não gerado, como somente é o Pai; o Filho é um Principio gerado, do qual, por conseguinte, não se pode dizer que dele procede (ekporeúetai) o Espírito Santo.   Para os latinos traduzia-se  ekporeúesthai por procedere, entendido como "derivar-se de, originar-se de, provir de ...", aplicaram o verbo latino para designar a relação do Filho com o Espírito Santo.

Embora todo o processo de divergência tenha iniciado a partir de uma questão de tradução e teologal tal condição não configuraria um cisma em si. Ainda que desde o séc IV um Credo atribuído ao papa S. Dâmaso já mencionasse a proveniência do Espírito Santo a partir do Pai e do Filho, que diversos concílios desde o séc V, reafirmassem tal doutrina e declarassem anátema quem recusasse crer, ainda que no credo Niceno-Constantinopolitano houvesse a inserção do Filioque, alguns teólogos rejeitavam-no, isso ainda não era um cisma.   Contudo, mesmo com a permanência do dilema, a Santa Sé usava de prudência com o assunto até que no início do século XI, o Papa Bento VIII tornou a filioque unânime entre os latinos.   Ainda no sec VIII, quando Fócio tornou-se patriarca de Constantinopla reuniu estas questões seculares ainda não resolvidas entre o ocidente e oriente e buscou separar a Igreja Oriental da comunhão com a Igreja de Cristo, o que foi revertido por Nicolau I, que destituiu Fócio e institui Inácio como patriarca. Fócio que era ambicioso e desejava exaltar Constantinopla em detrimento de Roma (consequentemente negando a primazia do papa), recorreu ao imperador bizantino, que retirou Inácio do patriarcado.

O mesmo Inácio que havia negado comunhão ao imperador, pois este vivia em pecado público. Aqui temos todos os elementos da problemática oriental, que iria acabar levando ao desastroso Cisma: um patriarca ambicioso, uma intervenção abusiva do imperador e o reconhecimento (que depois será o centro da questão do cisma) da autoridade suprema do Papa.  O patriarca ambicioso, Fócio. O imperador que intervém diretamente na religião, destituindo o patriarca que lhe negara a comunhão corretamente.  O Papa intervindo, como juiz supremo de todas as causas na Igreja Universal, no Ocidente e no Oriente. A situação acalmou-se até que no séc X renovaram-se os ataques aos latinos e por fim com o Patriarca Miguel Cerulário  (sem nenhum motivo aparente senão sua própria soberba, conseguiu infelizmente arrastar o clero oriental ao cisma como motivações muito menos doutrinárias, mas muito mais visíveis e de ordem prática: a questão do celibato dos padres, o uso de barba, a questão dos pães ázimos e outras de ordem disciplinar) consolidou a ruptura.  Neste ponto cabe dizer que em 1995 o Patriarca Bartolomeu esteve com o Papa João Paulo II e que deste encontro foi redigido um longo texto pelo Pontifício Conselho para União dos Cristãos, a pedido do papa, no qual é afirmado que a questão do Filioque se resume de certa forma a uma confusão linguística, entretanto o mesmo Sumo Pontífice, consciente da realidade de separação declara em sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia: "Por isso, os fiéis católicos, (...) devem abster-se de participar na comunhão distribuída nas suas celebrações (dos "irmãos separados"), para não dar o seu aval a ambiguidades sobre a natureza da Eucaristia e, consequentemente, faltar à sua obrigação de testemunhar com clareza a verdade... Se não é legítima em caso algum a concelebração quando falta a plena comunhão, o mesmo não acontece relativamente à administração da Eucaristia, em circunstâncias especiais, a indivíduos pertencentes a Igrejas ou Comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica.  De fato, neste caso tem-se como objetivo prover a uma grave necessidade espiritual em ordem à salvação eterna dos fiéis, e não realizar uma intercomunhão, o que é impossível enquanto não forem plenamente reatados os laços visíveis da comunhão eclesial.”

No Ocidente ocorreu também um Grande Cisma, no período de 1378 e 1471, a partir do retorno de Roma como moradia do Papa em detrimento de Avignon, com Papa Urbano VI que além de realizar duras críticas aos membros do Colégio de Cardeais recusou-se a restabelecer a sede pontifícia na cidade francesa.  Tal situação chegou a gerar dois antipapas, que obviamente negavam a primazia do Bispo de Roma e comunhão como o mesmo, e só foi resolvida com Martinho V que restabeleceu a unidade.

 

 

Apostasia

Apostasia é definida como o repúdio total da fé cristã.    Tal pecado contra fé, infelizmente tem se tornado extremamente comum nos nossos dias, especialmente entre jovens católicos, que foram obviamente batizados, e ainda fizeram a Primeira Comunhão, Crismaram, mas que hoje encontram-se em estado de negação à Fé Católica e à Sã Doutrina.   De certo, seria inocência afirmar que toda esta crise de fé da sociedade atual é fruto somente da revolução da comunicação com o advento da internet.  Existe uma realidade muito mais profunda e maquiavélica que se utiliza, dentre tantos meios, desta revolução tecnológica.  Uma realidade que busca destruir os pilares da sociedade ocidental – moral judaico-cristã, direito romano e filosofia grega – a fim de implantar uma nova ordem social.   Sendo a Santa Igreja o maior expoente do alicerce da fé e moral de nosso mundo, obviamente os ataques estarão concentrados nela e naquilo que a representa (ataques vindos de fora e outros realizados por dentro), podemos notar este movimentos através de um laicismo anticatólico exemplificado no caso da cidade de Oxford, na qual o governo proibiu a celebração pública do Natal, transformando tudo em Festival das Luzes de Inverno; o ensino nas escolas, realizados por professores, em sua maioria, impregnados do ideal marxista que incutem o ódio à Igreja nos seus alunos através de inverdades históricas e pela divulgação somente das falhas dos membros da Igreja em detrimento a tudo aquilo que a Igreja realizou e realiza de maravilhoso no mundo.   Somado a isso temos, infelizmente diversos membros corrompidos do Clero que longe de formar suas ovelhas na fé deformam-nas com falsas doutrinas e teologias, ou ainda escandalizam os fiéis com seus pecados públicos.  Temos ainda os leigos catequistas de crianças e adultos que assumem a missão de informar e formar os catecúmenos sobre a doutrina católica, mas que não possuem formação nenhuma e não fornecem uma sólida base para aqueles que estão iniciando na fé católica.  Podemos citar ainda os inúmeros grupos jovens corrompidos pela TL e, portanto manchados pelo marxismo que afastam os participantes destas reuniões da verdadeira doutrina e da submissão ao Papa.   Aliados ao relativismo imperante na sociedade atual temos como resultado a apostasia, o abandono completo à necessidade de todo católico crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.   Portanto tendo essa condição de fé fundamento naquilo que é necessário para Salvação, o fim último desta realidade é o sério comprometimento da ressurreição dos corpos para vida eterna na segunda vinda de Cristo.   Sejamos firmes na nossa fé, obviamente abertos a Graça Divina, orando e vigiando; e intercedendo em união da Igreja Triunfante por todos que estão em estado de pecado contra a virtude da Fé ou que se encontram na iminência de pecar, para que retornem ao seio daquela a quem foi confiado o depósito da Fé – A Santa Mãe Igreja.

 

 

Como identificar se o seu Pastor está pregando uma heresia?

 

 

Os nossos dias tem sido marcados pela multiplicação de heresias.  Na verdade, existe um número significativo de líderes que por questões espúrias tem fabricado as mais variadas distorções teológicas.  Nessa perspectiva torna-se fundamental que o crente em Jesus aprenda a diagnosticar se o ensino defendido pelos seus pastores de fato é um ensino bíblico. Pensando nisso resolvi elencar sete questões que se observadas poderão auxiliar o cristão a discernir se o ensino pregado é uma heresia ou não.

 

1- Aquilo que o seu pastor está pregando tem base bíblica ou ele está anunciando aquilo que acredita ser uma revelação espirital? Lembre-se nenhuma revelação pode sobrepujar os ensinamentos das Escrituras. A Bíblia deve ser a nossa única e exclusiva regra de fé e nada absolutamente nada pode se sobrepor a ela.

 

2- O texto usado pelo seu pastor está dentro do contexto?  Cuidado com interpretações doutrinárias fundamentadas em versos isolados. Heresias costumam surgir em interpretações individualizadas e departamentalizadas das Escrituras.

 

3- O seu pastor tem usado textos do Antigo Testamento de forma alegórica? Cuidado! Interpretar as Escrituras alegoricamente é extremamente perigoso. Muitas das heresias disseminadas ao longo dos séculos se deveu ao fato de que alguns alegorizaram as Escrituras.

 

4- A fundamentação doutrinária usada pelo seu pastor está de acordo com o ensino geral das Escrituras? Cuidado com ensinos específicos que ferem a Palavra de Deus como um todo.

 

5- O seu pastor se considera um profeta ou apóstolo cuja palavra ou revelação está acima das Escrituras?

Se a sua resposta for sim, lamento lhe informar, mas provavelmente o seu líder espiritual é um falso profeta.

 

6- O seu pastor tem colocado técnicas de autoajuda ou conceitos da psicologia ou psicanálise acima das Escrituras? Cuidado, nenhum ensino, método ou doutrina humana pode prevalecer sobre as Escrituras.

7- A mensagem que o seu pastor costuma pregar visa a glória de Deus ou não? Ela é humanista, ensimesmada, e centrada no homem ou focada em Cristo? Lembre-se falsas doutrinas jamais glorificam a Deus e sim aos seus propaladores.   Caro leitor, creio veementemente que boa parte dos nossos problemas eclesiásticos se deve ao fato de  não sabermos identificar heresias. Acredito também que isso se deva ao fato de nos últimos anos termos abandonado as Escrituras.
   O reformador João Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus está na Bíblia, e de que ela é o escudo que nos protege do erro.  Em tempos difíceis como o nosso, precisamos regressar à Palavra de Deus, fazendo dela nossa única regra de fé, prática e comportamento.

 

Reverendo Caio Fábio

 

Pastor Caio Fábio responde porque é considerado um “herege” por muitos?

 

 

O pastor Caio Fábio todas as vezes que faz declarações são sempre consideradas polêmicas. No “Papo da Graça” respondeu um pergunta que muitos gostaria de fazer ao pastor, se ele se considera um herege, e afirmou que não se importa de ser chamado de “herege” por outros evangélicos.   No programa Papo da Graça publicado em vídeo nesta 2ª dia 01/04/13 o pastor Caio Fábio responde a uma pergunta feita e que por muitos que são conhecedores da Bíblia e na sua grande maioria os evangélicos gostaria de ter uma resposta do pastor. A pergunta feita foi  “porque que você é considerado um herege, quando faz esse tipo de discurso” e a resposta dada é que “Pra eles, sou um herege, pois eles estão na bíblia, e eu estou em Jesus! ” – e discorre sobre a resposta, que como em quase todo o seu comentário causa polêmica, uns aceitam e outros condenam a posição do pastor.

 

 

Usando a passagem em João 8 parafraseia dizendo “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a se tornar homofóbico…” – afirmando que Jesus veio para substituir a Lei, tanto que na passagem do apedrejamento em João 8 comentado por Caio deixou entender que se Jesus não tivesse acima da Lei deixaria a mulher ser apedrejada já que a Lei mandava apedrejar.   Então porque a Lei não se cumpriu, questiona o pastor, porque Jesus fez a Lei para golpear a consciência dos que usavam a Lei para apedrejar a mulher, para mostrar a hipocrisia deles.

 

Estudo realizado por Pastor Rogério Costa

Caxias do Sul – 15/03/16

 

 

Ministério Igualdade Independente

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Projeto Plantar

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